Rômulo Vieira 1 de outubro de 2017

Para iniciarmos nosso entendimento sobre o tema proposto procuraremos evidenciar a importância de um doutor. Quem é este e para que a pós-graduação está formando este profissional.

Poderemos simplificar a discussão, demonstrando que devido ao nível de educação da grande maioria do nosso povo, doutor é qualquer pessoa que esteja em uma condição que lhe seja superior. Considerando uma população pouco saudável, que não conhece os seus direitos ou deveres, um povo cujo salário mínimo, não compra o mínimo necessário para sua sobrevivência, doutor é qualquer um que tenha concluído um curso superior ou que tenha uma melhor condição socioeconômica que a sua. Até em um estacionamento, quando alguém chega de carro o flanelinha chama-o logo de doutor. Infelizmente ainda temos muito desses doutores na sociedade, precisaríamos educar melhor o nosso povo sofrido, dá-lhe uma melhor condição sócio-econômica-cultural.

Então quem seria o doutor? Talvez possamos pensar no doutor da vida, aquele que adquiriu a sabedoria pela vivência, aquele matriculado, sem nunca faltar à escola da vida. Aprendeu todos os dias com a natureza e suas leis, com a própria vida, com a experiência. Mas, infelizmente este doutor só se forma com o tempo, na maioria das vezes o formando já se encontra com a sua cabeça totalmente branca, é o doutor em Sabedoria a qual só chega com a velhice. E hoje como é difícil os jovens ouvirem os mais velhos, como poderiam aprender, como encurtaria sua formação para ser um doutor mais consciente. Para um doutor deste em sabedoria, o “doutor é aquele que leva quase um terço da sua vida nos bancos escolares, daí faz-se necessário a vocação, a tendência, a predestinação, a paixão, ou muita vontade para estudar a fim de se tornar um doutor”.

Que doutor precisamos? Para que formar doutores? O que se espera de um doutor?  Apenas iniciamos esta discussão.

Gostaríamos no momento de caracterizar a importância do doutor acadêmico, aquele que passou grande parte de sua vida em estudos formais. Por que precisamos formar mais doutores? Qual a contribuição destes para o progresso do País?

Precisamos urgente demonstrar para a sociedade a contribuição destes profissionais que, em sua grande maioria, são desconhecidos da comunidade não científica, pelo usuário dos bens criados e produzidos por estes.

Será que temos consciência da nossa evolução na área do Petróleo? Temos conhecimento da enorme potência que é hoje a nossa Petrobrás, das riquezas geradas por esta empresa, da quantidade de empregos gerados, do respeito técnico-científico de outros países? Será que este desenvolvimento foi por acaso? Claro que não. Este avanço é devido a muita pesquisa, muita dedicação de doutores, inovando nos bancos e nos laboratórios das Universidades.

Precisamos mostrar a sociedade que a nossa produção agrícola aumentou extraordinariamente, graças aos doutores da Embrapa, são recursos humanos formados pela Universidade. Se a produtividade agrícola não tivesse aumentado tanto nos últimos 10 anos talvez a fome no país fosse bem maior, não porque a maioria da população ainda não tivesse recursos para comprar alimentos, situação que ainda persiste em grande área do nosso país, mas sim porque talvez não tivéssemos mais alimentos para saciar todo esse povo.

Conhecemos a importância da Fio Cruz na saúde, do Instituto Butantã, do grupo que vem estudando o Genoma Humano, daqueles que já decifraram alguns genomas de microrganismos, contribuindo para solução de problemas dos mais diversos, nas mais diversas áreas do conhecimento? São doutores dedicados, formados nos bancos das Universidades, mesmo com tanta greve, tanta dificuldade, tanta falta de prioridades para esta Instituição. É o talento, é a determinação do brasileiro é obstinação dos doutores pesquisadores.

Na área de biotecnologia, há muito a medicina veterinária já realiza a transferência de embriões, ou a barriga de aluguel, como é divulgada na mídia, na espécie humana, já praticamos a fertilização in vitro, solucionando problemas de fertilidade nos humanos, aumentando a produtividade na pecuária. Temos uma patente biológica (muito mais difícil de se obter) no Brasil, é de um médico veterinário, professor universitário.

É preciso demonstrarmos que todo o conforto disponível, energia elétrica, ar condicionado, o DVD, o iphone, telefone celular, carros cada vez mais sofisticados, vejam as máquinas da fórmula um, é devido aos doutores que estudando, tem melhorado, criado, reinventado, gerado divisas, com isso criando novos empregos, incrementado a vida social de uma nação.

Vivemos na era do conhecimento, o domínio é de quem tem este conhecimento, para crescer precisamos deste conhecimento, aí sim, precisamos então formar mais doutores.

Mas que doutores são estes? Especialistas em ciência e tecnologia? Não, não precisamos só destes doutores. Esperamos que os nossos doutores não sejam especialistas em um único tema: aquele de sua tese, achando que é o dono da verdade e só ele sabe das coisas. Esperamos que o nosso doutor seja cidadão, que tenha consciência que precisa retribuir à sociedade o investimento que ela fez para que ele concluísse seus estudos. Esperamos que nossos doutores interajam com os setores produtivos e que estes entendam que estes doutores podem ser seus aliados, que poderão contribuir para um maior desenvolvimento de suas empresas, mas que estes empresários também tenham consciência que precisam investir em Ciência e Tecnologia.

Sabemos que nos países como Alemanha, Japão, França, Inglaterra e Estados Unidos cerca de 60% dos gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) são custeados pelas empresas privadas, no Brasil este investimento é patrocinado pelo Poder Público, cerca de 90% dos recursos utilizados. Por esta razão no Brasil há uma inversão com o que ocorre nos países desenvolvidos. Enquanto naqueles países 90% dos doutores estão nas empresas privadas no Brasil apenas 10% dos nossos doutores estão nas empresas privadas. Na Coréia do Sul, acreditamos que merece o destaque, 60% dos doutores estão empregados nas empresas privadas enquanto as universidades empregam apenas 40%.

Precisamos formar mais doutores, mas não apenas formá-los para as próprias Universidades, que sem dúvida formarão mais doutores. Precisamos formar mais doutores também para empresas e estas deveriam contribui mais para a formação de novos doutores que produzirão mais conhecimentos para o progresso do país.

 Toda empresa que envolve ciência e tecnologia e que utiliza estes recursos formados nas Universidades é bem sucedida e deve ter também seu compromisso social.

Obs: O autor, Prof. Dr. Rômulo José Vieira é Acadêmico da Academia de Ciências do Piauí; Acadêmico da Academia de Medicina Veterinária do Piauí; Acadêmico correspondente da Academia de Medicina Veterinária do Ceará; Acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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