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DOS PUBLICANOS E DAS PROSTITUTAS (Ez 18,25-28 / Mt 21,28-32)

Quem não conhece alguma história surpreendente, de momentos decisivos, em que ninguém se dispôs a fazer alguma coisa, todos ficaram de braços encruzados, sequer quiseram ver o que se passava, e eis que, de repente, aparece alguém que se lança desprendidamente ao encontro de quem precisa, correndo risco de vida quem é socorrido e quem socorre?…

E era gente de quem menos se esperava um tal gesto, uma tal iniciativa.

O Ressuscitado nos convida hoje a celebrar o amor que aposta, até o fim, nas reservas de bondade escondidas no coração de todo e qualquer ser humano.

Afinal, não há ninguém tão bom, que não tenha defeito, nem tão ruim que não tenha algo de bom.

Muitas vezes, é só questão de oportunidade e, não raro, “as aparências enganam”.

E o nosso canto hoje celebrará as finezas do coração de Cristo, bem como suas repercussões em nossos corações…

* * * * *

Fazemos parte de uma sociedade organizada na base de pelo menos 5 preconceitos:

– o de Classe: “vale quem tem”… “Uns

 nasceram pra sela e outros pra

 cangalha”… “Essa gentinha!”…

– o de Gênero: “no homem nada pega”…

  mulher: “sexo frágil”…  

– o de Cor: “aquele, sim, é um preto de

 alma branca!”…

 – o de Religião: “é uma pessoa boa, mas,

 infelizmente, não aceitou Jesus!”… “eu não quero assunto com esse povo de terreiro!…”

– o de Opção Sexual: “frango e sapatão,

 aqui não tem vez não!”… “Isso é doença,

 tem que se tratar!”…

E o pior é que as próprias pessoas discrimina-das, muitas vezes, se assumem como inferiores, acham que é isso mesmo, dão razão a quem pensa e trata os outros desse jeito, e até tratam outras pessoas do mesmo jeito…

Quanta injustiça, quanta humilhação, quanta solidão! Essas pessoas são “prioridade” no Reino anunciado por JESUS.

E nós somos chamados e enviados, chamadas e enviadas, por Ele, como Testemunhas desse Reino!

Antes de tudo, porém, revisarmos o nosso coti-diano, nossa convivência de todo dia…

                                                                    ********

O Concílio Vaticano II, no último e mais importante dos seus documentos, a Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo (07/12/1965) declara:

    É plenamente conforme a natureza do ser humano que se encontrem estruturas jurídico-políticas nas quais todos os cidadãos e cidadãs tenham a possibilidade efetiva de participar livre e ativamente, de modo cada vez mais perfeito e sem qualquer discriminação, tanto no estabelecimento das bases da comunidade política, como na gestão da coisa pública e na determinação do campo e fim das várias instituições e na escolha dos governantes. Todos os cidadãos e cidadãs se lembrem, portanto, do direito e simultaneamente do dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum. A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação tomam sobre si o peso de tal cargo, em serviço da humanidade. (… …)

    Todos os cristãos e cristãs tenham consciência da sua vocação especial e própria na comunidade política; por ela são obrigados a dar exemplo de sentida responsabilidade e dedicação pelo bem comum, de maneira a mostrarem também com fatos como se harmonizam a autoridade e a liberdade, a iniciativa pessoal e a solidariedade do inteiro corpo social, a oportuna unidade com a proveitosa diversidade. Reconheçam as legítimas opiniões, divergentes entre si, acerca da organização da ordem temporal e respeitem os cidadãos e grupos que as defendem honestamente. Os partidos políticos devem promover o que julgam ser exigido pelo bem comum, sem que jamais seja lícito antepor o próprio interesse ao bem comum (Gaudium et Spes 75).

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE. 
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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