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A Cúpula dos Povos, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 15 e 23 de junho, constituiu-se em um espaço ímpar de discussão de ideias e de propostas, bem como de troca de experiências concretas de enfrentamento do modelo capitalista, destrutivo e excludente. Uma das atividades desenvolvidas na manhã desta quinta feira, 21, foi o debate sobre a crise do capitalismo e a construção de um modelo de desenvolvimento justo e sustentável. Na opinião de João Pedro Stédile, um dos fundadores e membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), já existe suficiente conhecimento científico transformado em tecnologia capaz de resolver os principais problemas do povo.

Stédile defendeu a necessidade de lutar por uma soberania popular energética, com a utilização do potencial dos recursos naturais disponíveis em cada região do país. “Isso é viável e necessário. Ninguém é contra hidrelétricas. Somos contra que as hidrelétricas se tornem propriedade privada das multinacionais, sendo construídas com o nosso dinheiro”. Ele criticou a construção da hidrelétrica de Belo Monte, que irá beneficiar a bauxita a qual será exportada para o Canadá e para os Estados Unidos, enquanto o povo não receberá benefícios desse negócio. Defendeu a construção de pequenas hidrelétricas, que são menos agressivas, além de outras fontes de energia alternativa.

Abordando a situação do capitalismo, Stédile disse que quando surgem crises há possibilidades de mudança. “Porém, não podemos ser ingênuos. É possível que o capitalismo saia da crise através da concentração ainda maior da riqueza, usando inclusive a guerra, como está fazendo no Oriente Médio. Mas, é possível também que a crise abra uma janela para construirmos modelos de desenvolvimento democráticos e populares, que vão ajudar a solucionar os problemas reais da população”. Depois acrescentou: “Para fazer mudanças na sociedade, temos que fazer a luta de classes. Em todos os processos de mobilização social e de luta de classes, o contingente fundamental para a mudança é a juventude. Esse é o momento de trabalhar com formação política da juventude”.

Para Marcio Pochmann,  professor da Unicamp e presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), “o capitalismo é uma máquina de produzir riqueza, mas essa riqueza não é distribuída de acordo com aqueles que a produzem. A riqueza produzida é mais do que suficiente para atender a toda população. Portanto, chegou a hora de introduzirmos outro modelo de desenvolvimento que permita a todos participarem da riqueza gerada. Mas, isso depende da luta.” Falando sobre a economia verde, conceito apresentado na Rio+20, Pochmann afirmou que o tema não é uma proposta de transformação profunda dos problemas de produção e de consumo existentes. Trata-se apenas de uma nova forma do capitalismo se expressar. (Junho 2012)
Fonte: Revista Missões (Dirceu Benincá)

Obs: O autor é Doutor em Sociologia, pós-doutor em Educação e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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