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Quando deixei o trabalho pastoral em Noronha, dispensado pelo novo Arcebispo, que era Dom Fernando Saburido OSB, o Padre João Carlos Ribeiro, Inspetor Salesiano, em carta de extrema gentileza, pediu-me para assumir a reitoria do então Santuário do Sagrado Coração de Jesus no Recife, vaga pela morte de seu último reitor, Padre Sebastião Alves da Silveira.
Trabalhei ali por dois anos apenas, sendo violentamente demitido por uma carta, sem mais explicações , pelo Inspetor de então Pe. Diego Vanzetta, hoje na Itália, em Roma, no pessoal salesiano da UPS (Universidade Pontifícia Salesiana).
Nesses poucos anos, fiz um trabalho modesto. Quero ressaltar apenas que editava todo mês uma publicação, com o nome de “O Santuário”, trocado depois pelo nome “O Semeador”, pela razão que logo explicarei.
Consegui um feito, que o próprio Pe. Inspetor comentou: “Não sei como é que até agora, ninguém pensou nisso!…” Foi o seguinte: Com muitas cartas e documentos, enviados à Congregação para o Culto divino e a disciplina dos Sacramentos da Cúria Romana, pedi para nossa Igreja o título de Basílica menor, anexa à Patriarcal Basílica Vaticana. A primeira carta foi enviada a Roma em 5 de maio de 2010, levada em mãos pelo meu irmão e grande amigo Dom Valério Breda SDB, bispo de Penedo.
No final, “delicadamente” eles me advertiram que o contato da Cúria Romana para a concessão do título solicitado tinha que ser diretamente com o Arcebispo Metropolitano, o que não constituiu nenhum problema, graças à compreensão e extrema boa vontade de nosso Arcebispo, Dom Fernando Saburido OSB. Ele aceitou muito bem o encargo, eu redigi os últimos documentos, por ele assinados, e o Sr. Arcebispo ainda quis pagar a taxa em dólares, cobrada pela Cúria Romana. Declarava ele, no documento enviado a Roma, que “julgava o Santuário Salesiano como uma das mais belas e pastoralmente ativas das igrejas não-paroquiais de nossa Arquidiocese, pela assistência sacerdotal e a celebração dos atos mais solenes da Arquidiocese.” E continuava: ”Espero que este meu pedido, agora feito diretamente por mim, seja acolhido por essa egrégia Congregação para maiores frutos espirituais e pastorais para nossa Arquidiocese.”
Foi assim, que no dia 16 de janeiro de 2011, nossa igreja do Sagrado Coração do Recife, na Santa Missa celebrada pelo Sr. Arcebispo Metropolitano, Dom Fernando Saburido, foi declarada Basílica Menor anexa à Patriarcal Basílica Vaticana. À estação do Evangelho, foi feita a leitura pública do documento, exarado pela Congregação para o Culto divino e a disciplina dos Sacramentos, datado de 23 de outubro de 2010. Ao final da Santa Missa, foram inauguradas pelo Sr. Arcebispo as duas placas comemorativas, que se encontram à entrada do templo: uma, com o texto do documento pontifício e a outra, com a declaração do evento.
Gostaria de terminar essa narração, com uma observação verdadeira e nada simpática. E é que o Código de Direito Canônico, nos cânones 1230 a 1234, define com precisão o que caracteriza um santuário, isto é, “uma igreja ou outro lugar sagrado, aonde os fiéis em grande número, por algum motivo especial de piedade, fazem peregrinações.” Ora, isso não acontece em nosso Santuário, hoje BASÍLICA!…
(Texto retirado de “Novas Memória Salesianas de um Velho Arcebispo”)
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.