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Senhora esperta, ardilosa e cheia de manhas e manias, a culpa é escorregadia e nem sempre está com quem deveria. Mesmo que ás vezes se mostre clara como água, quem de direito se recusa a bebê-la e procura qualquer desculpa para dela escapar.
Criada em uma família onde honestidade era obrigação e não virtude, desde cedo aprendi que assumir as nossas culpas é uma questão de princípios e não de opção.
Com o passar do tempo fui aprendendo outras coisas em relação á culpa. Quando alguma coisa dá errada, primeiro vamos descobrir onde está o erro. Depois se é possível consertá-lo e, só então, se busca quem errou, não com o único intuito de punição mas de evitar que o erro volte a acontecer. Claro que se tiver sido uma sabotagem, algo feito de propósito as providências serão outras. Mas, um erro involuntário, não intencional, não pode ser tratado de uma forma que assuste o responsável e o impeça de assumir.
Procurei passar para as minhas filhas esses ensinamentos, mostrando, na prática, que não se deve fugir ás responsabilidades, sejam elas quais forem.
Durante toda a minha vida jamais gostei de esconder a cara em nada do que fiz. Mesmo tendo sido adolescente em tempos de ditadura, sempre assinei o que escrevia, sempre assumi o que falava e, por isso, fui chamada ao SNI, com mais dois responsáveis por um jornalzinho adolescente que meu grupo de jovens, o S.O.S., publicava mensalmente chamado O BALAIO. E tivemos nossos jovens nomes fichados porque nos negamos a levar o jornal todos os meses , antes de ser distribuído, para ser avaliado. Na verdade, censurado. Assumimos a responsabilidade pelo que fosse publicado em nosso jornal artesanal e saímos de lá nos sentindo importantes por nosso jornalzinho incomodar a esse ponto.
Tenho observado a dona culpa sempre com muita atenção e tenho visto o quanto ela é rejeitada. Quando é um problema em um grupo de trabalho, a culpa do erro nunca é do chefe. Mas os méritos do acerto sim. E a culpa vai sendo jogada hierarquia abaixo até que recaia sobre o funcionário mais novo, mais abaixo na escala de comando ou até mesmo um pobre estagiário.
Como sou muito exigente comigo em relação a assumir responsabilidades, tendo a sempre acreditar que as outras pessoas vão agir assim também. E, quando isso não acontece, inevitavelmente fico chocada, indignada e decepcionada.
No campo profissional então é que nunca corri da raia mesmo. Hoje vejo estarrecida e decepcionada que os valores estão cada vez mais se perdendo e que o tal do fio de bigode, mais do que nunca, é coisa de outros tempos. A palavra empenhada já não é mais valorizada, os acordos não são cumpridos e as responsabilidades são ignoradas se não estiveram escritas em um pedaço de papel.
Passar por experiências assim são desgastantes e diminuem as pessoas diante de nossos olhos.
Mas, igual ao passarinho que carrega em seu bico uma gota de água década vez para combater o incêndio na floresta, continuo a assumir os meus erros, quando os cometo e a esperar que os outros também assumam os seus. Sou uma incorrigível esperançosa que ainda acredita que um mundo novo é possível. Só depende de nós.
Obs: A autora é jornalista, blogueira e Assessora de Comunicação.
Imagens enviadas pela autora.