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A crise do país atinge em cheio a vida dos brasileiros, mas estranhamente a resistência não surge contra ampliação da desigualdade social. Os cortes de recursos recaem sobre os trabalhadores, os universitários, os assistidos pelo programa Bolsa família e funcionários públicos. Mas, as marchas pelas ruas e as greves não aparecem. Mesmo numa cidade como Santarém, com cerca de 13 mil estudantes universitários, 49 associações de moradores, um sindicato de trabalhadores e trabalhadoras rurais de com mais de oito mil sócios, uma Colônia de pescadores, com outros milhares de associados, vários sindicatos urbanos, tantas paróquias, e igrejas cristãs, não se sente os gritos do povo. Todos estão sendo atingidos pelo aumento dos combustíveis, pela destruição das leis trabalhistas e brevemente pela deformação da Previdência Social.

O presidente Michel Temer saqueia os recursos que faltam para universidades, hospitais e outros direitos da população, para comprar consciências de deputados e senadores e se manter no cargo. Ele não prejudica os ricos, por estar a serviço deles. Quando nesta semana passada, pressionado pelo rombo das contas públicas, pensou em cobrar imposto de renda dos ricos, a reação foi imediata e a recuada do presidente foi rápida.

Mas para saquear as vidas dos pobres nem lamenta. No último mês ele retirou 543 mil famílias do programa Bolsa família. De julho de 2014 a julho de 2017 foram retirados um milhão e meio de famílias da assistência social. Com tais saques hoje três milhões e meio de pessoas estão voltando à pobreza. Segundo informações da Fundação Abrink, 60 de cada 100 crianças e adolescentes aqui na Amazônia, vivem com renda mensal de 350 reais.

Um outro sinal da grave situação de desmoralização da política nacional, é a reforma da lei eleitoral, com o distritão. Como quase todos os deputados e senadores perderam a total confiança dos eleitores e eleitoras, agora apressadamente estão votando uma grande mudança das leis eleitorais. Estão criando o tal Distritão. Essa reforma praticamente acaba com a eleição proporcional, em que os votos dos candidatos do partido serviam para eleger entre seus candidatos, os mais votados.  Somavam os votos dos candidatos, com os votos da legenda partidária. Com o distritão, cada candidato busca votos por si e concorre com seus colegas, sem mais votos do partido. Com isso, ganhará o candidato que gastou mais dinheiro e teve mais conversa para iludir os eleitores com promessas de campanha.

É assim que os políticos corruptos e políticos de hoje, estão mudando as leis eleitorais para continuar nos cargos.

O que fazer? Aos eleitores e eleitoras resta discutir um outro rumo para a política de nosso país, e nossos municípios. Não se pode esperar que a escola, os partidos, as universidades, vão preparar novos modos de se fazer política. A discussão e busca de novos rumos deve começar no grupo, na igreja, no sindicato, na associação. Primeiro passo educativo será como nos livrar de candidatos pilantras que iludem com promessas fantasiosas.

Ao mesmo tempo aprender que somos cidadãos e não podemos nos deixar enganar mais uma vez. Se a maioria dos candidatos a deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente, forem os mesmos que hoje ocupam um desses cargos, não devem mais ser eleitos. No caso aqui da nossa região, os candidatos que nunca defenderam a agricultura familiar, que não se posicionaram contra os projetos de hidroelétricas e portos, que nunca assumiram posição contra a invasão do território por empresas que chegam ocupam e não se preocupam com o meio ambiente e com os moradores tradicionais. Esses não merecem nosso voto. Afinal, se nenhum merece seu voto, a saída e dar o voto nulo, como forma de protesto e falta de futuro para o povo. Um outro Brasil é possível e depende de nós cidadãos.

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
 Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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