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Minha primeira preocupação pastoral em Noronha foi a formação bíblico-catequética da comunidade. Para isso, comecei com um curso bíblico, simples, popular, utilizando o livro e os CDs do salesiano Padre João Carlos Ribeiro, conhecido – e excelente – cantor, que muito evangeliza por todo esse Brasil, com seus shows de evangelização.   Depois dei um cursinho bem simples de mariologia, seguindo o excelente livro “Introdução à Mariologia”, de Frei Clodovis Boff, dos Servitas de Maria, ao qual já me referi acima.

Redigi e divulguei, destinados especialmente aos turistas, alguns folhetos pastorais de convite e preparação aos sacramentos: “Venha batizar seu filho” – “Venha confessar-se” – “Venha comungar” – “Venha cassar-se”.

Nasceu o “Terço dos Homens”, que permanece até hoje, com bons  frutos de devoção mariana.  A Pastoral da Família começou, mas não vingou. Os seus membros foram faltando cada vez mais e acabou-se…

O trabalho pastoral em Noronha é difícil, por tratar-se de uma ilha de turismo, com uma população sempre oscilante, hoje calculada em 4.667, sendo 2.240 mulheres . A grande preocupação dos moradores de Noronha é com suas pousadas e o acolhimento dos turistas, que são quase que a única fonte de renda. Os preços são ligeiramente mais elevados do que no continente. Curiosa é a expressão “buscar lá fora”, isto é, no continente, quase sempre no Recife, que é quase toda a comunicação com Noronha, apesar de Natal estar mais perto. O arquipélago, porém, pertence a Pernambuco, embora que geograficamente esteja mais perto do Rio Grande do Norte. O comércio é modesto e as fontes de renda resumem-se praticamente na acolhida e recepção dos turistas e nas poucas despesas que eles fazem. Queixam-se da alta dos preços de Noronha que não são exagerados. Um experimentado  turista me disse certa vez que os preços praticados na Ilha eram inferiores aos das praias famosas do Rio e São Paulo, como Búzios e outras.

Outra grande dificuldade pastoral é o feroz proselitismo, praticado pelas seitas protestantes, que vivem arrebanhando fiéis católicos até com convites pessoais e promessa de promoção em suas seitas. E pensar que no Império, quando a religião católica era a religião oficial do Estado, era proibida a entrada na Ilha de membros das seitas protestantes…

No campo econômico e material, o que consegui fazer foi, com ajuda expressiva de ADVENIAT, a construção da Casa Paroquial, que solucionou o grave problema da hospedagem do Padre, que era em uma das pousadas da Ilha, misturado com turistas, nem sempre de trajes de banho lá tão modestos assim… Lutei também com a mesma ADVENIAT, a agência de ajuda pastoral do episcopado alemão, para conseguir um carro para o padre, que chegou depois que eu já tinha deixado o trabalho pastoral no meu querido e inesquecível arquipélago de Fernando  de Noronha…

Guardo dele as melhores impressões e lá conservo ainda boas amizades. Que Deus os abençoe a todos e a Virgem Senhora dos Remédios cubra-os com seu manto materno.

(Texto retirado de “Novas Memória Salesianas de um Velho Arcebispo”)

Obs: O autor é  arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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