Ina Melo 15 de julho de 2017

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O homem na sua essência é um Sedutor. Talvez por ter sido desde os primórdios do tempo, um animal predador, respeitado nas savanas e florestas. Os tempos mudaram, mas eles não. Dificilmente você vai encontrar um tipo que, mesmo não sendo um Dom Juan belo e conquistador, no íntimo ele sabe da sua força masculina.

Por isso resolvi contar a história de um belo espécimen da raça. Ele nasceu num país tropical e teve a sorte de receber de herança a graça e elegância da mãe e a cor e o arroubo apaixonado do pai, um argentino, com descendência cubana. Assim era Juliano, meio cigano no porte alto e na pele morena, cabelos negros e olhos amendoados. Nasceu lindo e assim atravessou todas as etapas da vida.

Claro que a descendência pesou, pois pais e avós também eram bonitos. Quando completou dezoito anos foi estudar em Cuba, terra dos avós paternos e lá se tornou “o homem” aquele “enfant terrible” tão à moda dos franceses. Professor renomado, estudioso do socialismo, ele não aceitou voltar a terra mãe. Era muito pouco para os seus sonhos.

Poderoso economicamente, nunca o vil metal atrapalhou a sua vida. Juliano recebeu esse nome cigano por conta da mãe, cuja descendência europeia de nômades e aventureiros nunca a abandonou. Realmente, ele possuía todas as qualidades do Sedutor. Bonito, educado, viril e por cima com um grande poder de encantar e um amoroso coração.

Além de todos esses predicados, ainda era um conquistador, desses bem, vamos dizer uma expressão chula “safado”. Para um sedutor ser assim fazia parte do jogo, pois na cama todas as mulheres gostam de humor e palavras doces e quentes. Era um homem completo.

Chegou aos quarenta anos solteiro. Não sabia se por conta da profissão de nômade letrado ou porque uma mulher só não dava pra ele. Tinha que ter o mundo aos seus pés. E não é que todas se apaixonavam? E sofriam? E choravam descabeladas quando ele encerrava o ciclo da conquista.

Mas um belo dia, sempre há esse dia na vida de qualquer um, ele encontrou a metade da laranja e quando provou, soube que eram iguais, em tudo. Beleza, inteligência, encanto e um excessivo amor à liberdade. Estavam assim no mesmo pé de igualdade. Sedutor e seduzida, um não devia nada ao outro. A mulher madura e livre de amarras morais e sociais o deixou em estado de choque. Ele era um homem do mundo e como tal tinha o monopólio do “posso tudo”.

Acontece que ela também pensava e agia do mesmo modo. A princípio foi uma guerra fria entre os amantes. Ele apaixonou-se tal como narciso, pela sua própria imagem. Um era o outro, mas bem diferente dos mitos franceses Sartre e Simone. Para Juliano não foi fácil aceitar a sua metade da laranja com a mesma liberdade que ele. Claro, como homem acostumado a mandar e dominar, foi um drama.

Mas o amor, que é sempre a chave de tudo terminou vencendo o duro páreo da sedução. Aquele homem derrubador de corações de repente, tornou-se um anão ante a força e domínio da amada. Primeiro rastejou como uma serpente para que ela o aceitasse como “seu dono e senhor” como a sociedade determinava os casamentos.

Houve muitas lutas internas entre eles, seres indomáveis e livres que, por um acaso do destino, se encontraram e se amaram. Mas Juliano, o belo e sedutor homem dos trópicos, baixou a guarda e aprendeu a respeitar a sua outra metade, lhe oferecendo sabiamente, amor e liberdade. Hoje eles estão juntos e separados, pois nunca aceitaram viver debaixo do mesmo teto, mas com a certeza que o amor os levará até ao final dos tempos, apesar de continuarem eternos sedutores! (Rio/017)

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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