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Amazônia, para os donos do agronegócio, mineradoras e o governo federal, é um eldorado de riquezas a serem saqueadas, sem o menor cuidado com a mãe natureza e os povos tradicionais. Até os rios e as cachoeiras são violentados para servirem no altar do capitalismo desenfreado.

Para os povos integrados na região, Amazônia, além de terra de bem viver, tem se tornado terra de martírio, encharcada de sangue. Nas últimas semanas mais dois líderes populares tiveram suas vidas ceifadas. Uma  líder quilombola foi assassinada no município de Moju, no Pará e um líder indígena foi assassinado a sangue frio na região de Abunã, em Rondônia. Um pouco mais de um mês, foram dez posseiros também assassinados barbaramente por policiais militares, em Pau Darco do Pará. Antes de Pau Darco foram trucidados nove posseiros em Colniza, Mato Grosso. É assim que a Amazônia se caracteriza como terra de sangue.

São dezenas de novos mártires tombados por lutarem por espaço de trabalho, território para viver em paz, resistência às hidroelétricas destruidoras. Raros são os assassinos punidos. A justiça se desculpa que é lenta. Mas se um posseiro mata um fazendeiro aí a justiça é imediata e o matador é jogado no presídio antes de ser condenado em última instância.

Para o crescimento econômico, o capital controla os governantes, a justiça  e favorece as chacinas dos “obstáculos” a esse chamado desenvolvimento. Até que o dia está chegando em que os deserdados se levantarão, indígenas, quilombolas, posseiros, ribeirinhos e moradores de periferias de cidades, darão o grito de basta à servidão.

A história revela que isso chegará. Assim foram os cabanos do século dezenove no então grão Pará. Sem armas de guerra, mas com as armas da indignação uniram forças e expulsaram os senhores da Casa Grande. Uma nova cabanagem está fermentando, pois não é possível que aumente o número dos mártires, sem que surja novo levante para enfrentar tanto os senhores da Casa Grande de hoje, como seus sabujos subalternos governos e justiça injusta. Tanto sangue derramado impune é fermento de uma nova Amazônia humanizada.

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
 Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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