1 – DOMINGO DA COMPAIXÃO
Mateus 9,36-10,8
O Evangelho, o Projeto de Jesus é um “samba de uma nota só”: a ternura de um coração que se compadece da dor, sob todas as suas formas, e anda à procura de gente que, por sua vez, se compadeça também, porque a dor é tanta e são poucos os que lhe são realmente sensíveis…
Somente essa compaixão será capaz de redimir o mundo de todas as suas mazelas, encontrando, com a criatividade própria do amor, os jeitos e meios de libertar as pessoas e as sociedades dos males que as infelicitam.
Ser cristão é essencialmente sentir-se chamado a viver a compaixão do coração de Cristo. Esta é a essência do discipulado e da missão. Oxalá nossa liturgia celebre esta experiência semanal da compaixão, e a ternura do coração de Jesus seja a fonte primeira de inspiração dos nossos cantos, como parece ter sido a do Cântico de Maria, sua Mãe…
Os tempos andam carregados de aflições.
E há ameaças no ar, que, por si só, são causa de muita apreensão e angústia:
– os Programas Sociais correndo risco de encolhimento ou mesmo de extinção…
– as “Reformas” em debate no Congresso, que mexem com os direitos adquiridos e consolidados da Classe Trabalhadora e de todos os empobrecidos, conquistados com quase dois séculos de luta…
– a situação de toda a população que depende do SUS…
– a situação da Educação Pública…
– Saúde e Educação condenadas a uma crescente precarização por conta do congelamento dos gastos públicos por 20 anos…
– violência crescente, do machismo, da homofobia, do tráfico, das polícias, dizimando muita gente, sobretudo os jovens negros, as mulheres, a população LGBT…
– a desigualdade social que só faz aumentar, enquanto os bancos e as farmácias só fazem aumentar seus lucros…
Enquanto isso, Papa Francisco, em nome do Evangelho, nos convoca a sairmos ao encontro de toda esta gente, de toda esta
dor… para darmos passos em demanda da TERRA PROMETIDA onde corre o leite da Justiça e o mel da PAZ.
2 – SOBRE SÃO JOÃO BATISTA
Jesus disse, um dia, que “entre todos os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João” (Lc 7,28).
Dá para entender, então, por que as palavras de Isaías, 49,1-6, que os cristãos sempre leram pensando em Jesus, na festa de hoje, a tradição das Igrejas as aplique a João Batista:
“… quero fazer de ti uma luz para as nações, para que a minha salvação chegue até os confins do mundo”.
E pensar que as palavras do profeta aplicadas seja a Jesus, seja a João, têm a ver igualmente com a gente, com cada um, com cada uma de nós!…
O clarão e o calor de nossas fogueiras só tem sentido, se cada um, cada uma de nós, individualmente e em comunidade, for esta presença de luz e calor, em meio à escuridão e à frieza de tantos ambientes que freqüentamos.
Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965).