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Choveu hoje no Cipó.
Nesse dezessete de dezembro do ano caatingueiro
de dois mil e dezesseis.

O sertão cearense revive.
O juazeiro vai se arvorar de verdanças.
Os cachorros se alvoroçam.
A meninada se esfalfa sob os pingos generosos e sagrados.
Retorna o encanto do balé das aleluias.
A farra é geral.

O sertanejo já sorri,
mesmo que seja aquele velho sorriso
secularmente esmilinguido.
E se prepara para iniciar as plantações de legumes.
Todos os anos é assim,
se ela não chega até o dia de São José,
19 de março, o resmungo é geral:
– esse ano não tem inverno.

Sou do Cipó.
Povoado secular de sonhos e memórias sertanejas.
Encalacrado à beira do já cansado açude de mesmo nome.
No Distrito de Canafístula, município de Jucás.
Mas, pela pertença proximidade tradicional geográfica,
Iguatu, sempre foi caminho
lugar de cheganças e partidas
das famílias Coelho e Oliveira.
Terra do cabra cangaceiro Belchior,
tido e havido como o Lampião iguatuense.
Também do maestro internacional Eleazar de Carvalho.
E do monsenhor Coelho, ancestral que optou pela boa nova.
Tem um busto dele na praça central
e uma rua com o seu nome.

Cipó,
ermo que guarda meu menino serelepe
no tempo de antigos chuviscos,
eternamente a correr atrás de cavalos do cão.

Cipó,
Que me prende até hoje no seu
cipoal bucólico e sertanejo de sonhos e pertenças,
e desfia minhas tramas, minhas crenças nordestinamente, tão.

Hoje choveu no meu sertão.

Obs: Imagem enviada pelo autor (Foto de Marleideoliveira)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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