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Amazônia de insônia e sonhos que se realizam, quando filhos legítimos da mãe Amazônia, toma as rédeas da luta pela vida. Em Santarém nestes dias movimentos populares e povos indígenas fazem um ensaio de realização do sonho. Para cuidar da defesa do território urbano cobiçado por empresas desejando construir portos graneleiro, eles ocuparam a prefeitura na cidade por três dias. Isto porque, em reunião anterior com empresários, o prefeito assumiu compromisso de favorecer a entrada de empresas que gerem emprego e renda para a juventude e os desempregados. Hoje, ele aceitou dialogar com os insurgentes na câmara de Vereadores, que em sua maioria também apoiam a entrada de empresas portuárias na cidade.
Ouvindo os duros questionamentos dos líderes populares, o prefeito aliviou seu discurso, dizendo que só aceita novos empreendimentos em Santarém se respeitarem as leis.
Notícia vinda de Roraima falou de um parlamento amazônico que está funcionando e algumas pessoas de Boa Vista assumiram a direção da entidade. Segundo um deles, o setor produtivo da Amazônia enfrenta graves entraves como, leis rígidas ambientais, insegurança fundiária, muitas terras indígenas. Esta é a Amazônia para eles, o setor produtivo de grãos de gado, de madeiras e minérios.
Em Santarém os movimentos populares enfrentaram o prefeito, que se saiu sem assumir claramente que vai contra os projetos de portos graneleiros dentro da cidade. Porque se sente responsável em estimular o desenvolvimento, que para ele é geração de emprego e renda. Para os movimentos populares e povos indígenas significa, além de geração de emprego e renda, hospitais capacitados a atender a população, tratamento de esgotos, água potável diária e lazer.
Para atender parte dos questionamentos, o prefeito apelou para a universidade fazer um estudo dos impactos possíveis de tais projetos. Seria para ele saber se permite ou não. Como o tal parlamento amazônico, o prefeito de Santarém e seu vizinho prefeito de Belterra, usam semelhantes argumentos de busca de desenvolvimento, com geração de emprego e renda, sem medir consequências sociais e ambientais. Nem olham para espelho do município de Altamira, que aceitou a construção de Belo Monte. Durante a construção, teve mudança extrema na vida sócio econômica, mas hoje vive o caos de ser uma das mais violentas cidades do país, depois da hidroelétrica construída. Esta é a Amazônia em disputa, pelo capital e os filhos legítimos da terra.
Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.