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Foi há cinquenta anos atrás, isto é, a 26 de março de 1967, que o beato Papa Paulo VI publicou sua Carta Encíclica Populorum Progressio sobre o desenvolvimento dos povos, declarando que o desenvolvimento é o novo nome da paz e pedindo a todos os cristãos a se abrirem às necessidades dos povos do mundo inteiro. Sobre esse mesmo tema, seguiram-se depois dois pronunciamentos solenes dos Pontífices romanos: a Encíclica Sollicitudo Rei Socialis ( “A solicitude sobre a questão social”) de 1987, de São João Paulo II e a Charitas in veritate ( “A caridade na verdade”) de 2009, do Papa emérito Bento XVI.
Em 1969, Louis Even, diretor do movimento “Crédito Social”, que propugna em seu programa político-social uma Democracia Econômica – como eles chamam – publicou na revista canadense VERS DEMAIN um artigo, agora republicado, sobre como o crédito social seria excelente forma de promover o homem todo e todos os homens, como deseja Paulo VI em sua encíclica de 1967.
Só assim, nesta promoção universal e integral do homem, é que o desenvolvimento humano será autêntico – diz Even. E cita o Papa Pio XI já em sua encíclica Quadragesimo Anno: O organismo econômico e social será constituído sadiamente e atingirá seus fins, somente quando oferecer a todos e a cada um de seus membros todos os bens que os recursos da natureza e da produção industrial lhes proporcionam.
Em termos ainda mais claros, se pronunciava o Papa Pio XII em sua rádio-mensagem de junho de 1941: “Todo homem, enquanto dotado de razão, recebe da natureza o direito fundamental de usar de todos os bens materiais da terra; a economia nacional não será outra coisa que assegurar sem interrupção as condições materiais, nas quais se possa desenvolver plenamente a vida individual dos cidadãos.”
Esses velhos princípios da ética social da Igreja adquirem hoje extraordinária atualidade, quando vemos em nosso país os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, e quando contemplamos com pasmo e horror nossos líderes políticos saqueando o dinheiro público, que não pertence a eles mas sim à comunidade, para o bem de todos, começando pelos pobres e necessitados.
Que a Virgem Senhora Aparecida, neste seu tricentenário, abençoe a nação brasileira, proteja os deserdados da sorte em nosso país e faça com que os nossos homens públicos finalmente se ponham ao serviço do bem comum.
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.