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Debruçada no “Quai de Branly” numa ensolarada manhã de outubro, chamou à minha atenção, passeando nas águas turvas do Rio Sena, cinco lindos cisnes brancos. Achei tão bucólico o quadro que, durante muito tempo fiquei ali a imaginar como poderia escrever sobre aqueles belos pássaros aquáticos, tão leves e silenciosos.
Com a mente fervilhante de criatividade, fui logo transformando o Cisne maior num homem alto e forte. Ao levantar as asas, suas plumas cresceram e logo os outros o seguem em revoada. Vão pra onde? Pergunto a mim mesma curiosa. Naquela cidade de tantas lendas e mistérios, quem sabe se o Cisne mor não seria o dono de uma bela prole, tendo entre elas a pequena Cisne e acompanhantes?
Resolvi então transmudá-los em seres humanos. Num feudo distante o Castelão, ainda jovem conheceu uma bela mulher e apaixonou-se. Infelizmente isto não podia acontecer. Ela estava prometida a um dos Príncipes reinantes no País e logo foi afastada para um Castelo distante no alto das montanhas. Como para o amor não existem barreiras, o jovem apaixonado resolveu sair à procura da amada.
Caminhou por entre matas e precipícios, atravessou rios e cachoeiras. Ao reencontrar a amada, ela estava prisioneira do Corvo, que era assim chamado o dono da fortaleza. Ele tentou, fez de tudo mas não conseguiu lhe falar. Desiludido, prometeu a si mesmo que amar, nunca mais! Nunca mais! Voltou repetindo as palavras que ardiam no seu coração.
Cansado, sujo, com as roupas em frangalhos, deixou-se levar por um pequeno barco que encontrou à deriva numa corredeira. Quando acordou, viu em torno dele, lindas jovens de cabelos loiros esvoaçantes. Elas riam e dançavam à sua volta. Assustado, cuidadosamente perguntou quem eram e onde estava. Um ancião com barbas e cabelos longos lhe explicou num idioma desconhecido, mas que ele entendia muito bem, que ali era um reino encantado e só poderia entrar nele quem tivesse conhecido o amor e todos os seus mistérios.
O jovem, ignorante das coisas do coração, pois não vivenciara o amor, apenas o sentiu e desejou, contou uma história de amor com desejos, traições e abandono. Finalmente, o amor, amor pleno que faz de um o complemento do outro ele não conhecera. O seu coração virgem e puro até então fora só magoado.
O velho sábio convidou-o a ficar por uns dias por ali aos cuidados de suas meninas. Ele não se preocupasse. Iria ser bem tratado e teria todas as benesses que o amor poderia oferecer. E assim aconteceu. Limpo e bem cuidado foi iniciado nos prazeres lúdicos e inocentes daquele lado que os amantes chamam desejo. Deixou-se amar intensamente.
Doou-se aos Deus Pan, aprendeu coisas libidinosas com Eros e não feriu nem foi ferido pela seta de Cupido o mestre do amor. Saiu da aventura ileso. Depois de uns tempos, recebeu do velho dono das pequenas Afrodites, deusas peritas na arte de amar e seduzir, que foram criadas para proporcionar ao homem o prazer maior, sem lhes exigir nada em troca, um pequeno manual de como conquistar uma mulher sem lhe ferir o coração.
Voltou para o seu feudo completamente curado do amor sofrido e cruel. Desde então, ele sempre ciente do seu fascínio masculino, do seu poder, encantou muitas mulheres, mas nunca as fez sofrer. Um dia, quando maduro e experiente mas um pouco cansado, decidiu amarrar seu barco num porto seguro.
Foi então que retornou ao seu estado originário de Cisne e junto com a sua companheira passou a subir e descer os rios das grandes cidades, sempre acompanhado das suas parceira amorosas, mas deixando-as livres para abraçar quem elas desejassem. Hoje se considera um homem feliz e vivido nas coisas do amor. Ina Melo. Out/016.
Obs: Imagem enviada pela autora.