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Meu quintal encheu da hera
que invadiu muro e tela,
cercou minha alma de mato
onde antes era terra,
semente, flor, e jardim,
nada mais brotou em mim.
Meu quintal não tem mais pasto,
nem mais cor, nem alecrim,
fechou de cerca e floresta
a fresta por onde eu via
o raiar de novos dias
onde
em festa chovia
poesia.
Não enxergo mais o céu,
nem o sol, nem o infinito,
tudo o que era bonito
tornou-se feio e vazio,
não há mais nem horizonte,
nem ponte pra atravessar
o rio do desespero,
nem grito sai da garganta
em prece, uivo ou apelo,
e tudo o que eu preciso
é do sol morno de volta
pra adormecer meu medo,
e espero acomodada
na rede da tua lembrança
sem ter nem dor nem revolta
mas prenhe de esperança
dum dia de recomeço
em que tua presença se plante
se abrindo em primavera,
que o mundo gire ao avesso
e que tudo volte a ser
daquele jeito que era
lá num passado distante
antes!
Obs: Imagem enviada pela autora