Djanira Silva 15 de abril de 2017

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Nasceu em Pesqueira, pequena cidade do interior de Pernambuco, onde viveu da infância à adolescência. Entre serras e cachoeiras plantou sua alma criança, e, de vez em quando, volta para ouvir a menina que sempre tem uma história para contar. Interna num colégio de freiras, rebelde e desobediente, como não podia falar sempre que queria, passou a escrever para afrontar as freiras que não permitiam qualquer atividade fora do programa de estudos. Rabiscou alguns poemas, tomou gosto e, quando voltou para casa, durante algum tempo, publicou alguns nos jornais da terra. Persistiu na teima de escrever e hoje conta com vários livros publicados.

“A única coisa que me preocupa quando escrevo, é conseguir pulsar com o leitor e fazê-lo sentir-se como se ele mesmo estivesse escrevendo.”

SMC – Escritora Djanira Silva, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita?

Djanira Silva – Nasci numa época em que criança não podia falar, perguntar, nem participar da vida dos adultos. Encontrei na escrita uma forma de falar comigo mesma, fazer questionamentos e até me rebelar.

SMC – Em que momento se sentiu preparada para publicar o seu primeiro livro?

Djanira Silva – Muito jovem, ainda, comecei a escrever nos jornais da minha terra.  Tempos depois, já residindo na Capital, conheci o poeta Mauro Mota, com quem trabalhei durante vários anos e que publicou no Diário de Pernambuco, alguns dos meus poemas. Posteriormente, incentivou-me a publicá-los em livro. Daí surgiu Em Ponto Morto, por ele prefaciado.

SMC – Você, tem publicado um diversificado acervo literário. O que a escrita significa para você?

Djanira Silva – Realmente, tenho dois momentos distintos na minha escrita. O humor leva-me a manter um relacionamento bem humorado com o mundo. Ninguém gosta de tristeza.  Já a outra vertente, a que fala de dor, tristeza e saudade, dela tenho um certo pudor. Tal como fazia na infância e adolescência, confio ao papel o que não posso e nem devo falar. Nos livros as pessoas, lêem, não me ouvem, falar de tristeza.

SMC – Quando você termina de escrever um livro, você já tem outro em mente? como vem surgindo a inspiração para a construção de suas obras literárias?

Djanira Silva – Sempre tenho mais de um trabalho em pauta. Acabo de lançar Saudade Presa e já estou  com O Sorriso da Borboleta à espera.

Quando à inspiração, não sei se existe ou não. Sei apenas que o passado é um grande contador de histórias.

SMC – Suas obras tem uma mensagem em comum ou cada obra tem particularidades que as diferenciam?

Djanira Silva – A única coisa que me preocupa quando escrevo, é conseguir pulsar com o leitor e fazê-lo sentir-se como se ele mesmo estivesse escrevendo.

SMC – Dois títulos de seus livros me chamaram a atenção, conte-nos o que diferencia “Deixa de Ser Besta” para “Doido é Quem tem Juízo”?

Djanira Silva – Ambos são de humor. No “Deixe de Ser Besta” conto fatos reais, acontecidos comigo, pois sou vítima de uma presença de espírito que às vezes me incomoda. Já no “Doido é quem tem Juízo”, são  histórias do dia a dia, fatos observados, alguns imaginados.

SMC – Como foi a construção do enredo de seu livro “A Maldição do Serviço Doméstico”?

Djanira Silva – Nasceu da leitura de um capítulo da Bíblia que narra a visita de Jesus ao seu primo Lázaro e às duas irmãs Maria e Marta. Ao chegar o Mestre, Maria sentou-se a seus pés para ouvir-lhe as sábias palavras, enquanto Marta, de vassoura em punho e colher de pau a tiracolo, pôs-se a trabalhar. Chegou um momento em que, irritada, aproximou de Jesus e reclamou: Senhor, enquanto me mato de trabalhar, Maria a vossos pés, nada faz? Jesus, na sua mansidão divina, respondeu: Marta, Marta, estás a te atarefares com coisas inúteis, Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada.

SMC – Como você vê esta obra?

Djanira Silva – Ora, quando Jesus chamou de inúteis os serviços domésticos, respondeu às muitas questões que intrigam as mulheres. Daí, resolvi escrever sobre o tão polêmico trabalho.

SMC – Escritora Djanira, qual o livro que você indicaria para eu comprar, agora, por que eu devo ler esta obra?

Djanira Silva – A Morte Cega representa um momento muito especial. Nele estão escritos sentimentos dos quais não ouso falar.

SMC – Onde podemos comprar os seus livros?

Djanira Silva – Vendo em casa mesmo. As livrarias não dão a mínima para o escritor pernambucano.

SMC – Quais os seus principais objetivos como escritora?

Djanira Silva – Manter-me viva e tentar compreender a vida

SMC – Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Djanira Silva, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Djanira Silva – A eles só tenho que agradecer. É através deles que o escritor existe. Sem leitor não há escritor. Ele está para o escritor assim como o homem está para o mundo. Quando Deus terminou a criação precisou de olhos que vissem e divulgassem sua obra.  Então, criou o homem e, através do seu olhar o mundo passou a existir.

 A entrevista acima foi retirada de http://www.divulgaescritor.com/products/djanira-silva-entrevistada/ e autorizada pela autora para ser postada.

(por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Obs: A autora é poetisa,  escritora contistacronistaensaísta brasileira.

Faz parte da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste, Academia Recifense de Letras, Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda, Academia Pesqueirense de Letras e Artes , União Brasileira de Escritores – UBE – Seção Pernambuco
Autora dos livros: Em ponto morto (1980); A magia da serra (1996); Maldição do serviço doméstico e outras maldições (1998); A grande saga audaliana (1998); Olho do girassol (1999); Reescrevendo contos de fadas (2001); Memórias do vento (2003); Pecados de areia (2005); Deixe de ser besta (2006); A morte cega (2009). Saudade presa (2014)
Recebeu vários prêmios, entre os quais:

  • Prêmio Gervasio Fioravanti, da Academia Pernambucana de Letras, 1979
  • Prêmio Leda Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras, 1981
  • Menção honrosa da Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1990
  • Prêmio Antônio de Brito Alves da Academia Pernambucana de Letras, 1998 e 1999 
  • Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2000
  • Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2010
  • Prêmio Edmir Domingues da Academia Pernambucana de Letras, 2014
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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