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6 de agosto de 1945. A primeira bomba atômica, da triste história das guerras da humanidade, explode sobre a cidade japonesa de Hiroshima, matando na hora centenas de milhares de pessoas, que nada tinham a ver com a guerra, criancinhas, velhos e doentes, deixando atrás de si um  outro  número infindável de vítimas com vários tipos de doenças, consequência direta do ataque  nuclear. São os chamados “Hibakusha.  Com outra explosão como aquela, no dia 9, sobre Nagasaki, que visitei em minha estada por lá,  o Japão rendeu-se e teve fim o 2º conflito global, que a humanidade conheceu no século 20 e que começara a 1º de setembro de 1939: mais de milhões de vítimas e seis anos de destruição, lágrimas e sofrimentos incríveis para grande parte da humanidade. Com essa duas explosões atômicas, no início da guerra fria, os EE.UU. queriam mostrar à União Soviética seu poderio bélico e destruidor. Essa é a minha particular interpretação, não partilhada por muitos.

Saindo assim como vencido da 2ª Guerra Mundial, com suas melhores cidades, inclusive sua linda capital, Tóquio, arrasadas pelos bombardeios americanos, o Japão se reconstruiu rapidamente dos destroços da guerra. Com o elevado preparo intelectual de seu povo,  com 95% de alfabetizados, com sua tenacidade no trabalho, com seu espírito de ordem e precisão em tudo, tornou-se uma das maiores potências econômicas do planeta, perdendo então apenas para os Estados Unidos e a Alemanha, que são favorecidos pela posição geo-política, a extensão de suas terras e a vizinhança do mercado consumidor. ( Hoje, talvez perca para a China, com a nova explosão de crescimento econômico e industrial de seu vizinho na Ásia.)

Comprimido em centenas de ilhas, a principal delas Honshu, onde está Tóquio e a segunda Hokkaido, um pouco mais a nordeste – vivem e trabalham (e trabalham muito!) seus 125 milhões e 100 mil habitantes, pelas estatísticas de 2004, numa superfície de apenas  377.800 quilômetros quadrados, com inúmeras ilhas rochosas e inabitáveis. Pensem que para seus 170 milhões de habitantes (estatísticas de 2004) o nosso Brasil dispõe de 22,69 vezes o território japonês, isto é, 8.571.970 km de terras, todas elas habitáveis, sem vulcões, terremotos e tufões, comuns na Ásia de tantos acidentes geográficos.

A milenar cultura japonesa hoje, sobretudo após a 2ª guerra mundial, com a maciça presença americana, está toda ocidentalizada. No traje e na tecnologia, que começou com os famosos radinhos de pilha, do fim dos anos quarenta, e hoje, junto com a Coréia do Sul, domina o comércio de computadores e outros produtos altamente sofisticados.

Mas há ainda coisas muito interessantes e bem tradicionais.  Por exemplo, quando se entra numa casa, tiram-se os sapatos e se recebem chinelos, os surippas, que se encontram à entrada da casa e que serão deixados  quando se entra num ambiente com o piso revestido de tatame. Indo-se ao toalete, encontra-se outro tipo de surippas, diferente do usado no interior da casa. Ao entrar numa sala, pedem-se desculpas, dizendo “odyama-chimas”, isto é, “estou incomodando”… Ao visitar uma família, é possível que você seja convidado a tomar um banho morno de relaxamento em banheiras especiais. São  diferentes do banheiro comum, onde se usa sabão, antes de passar para a banheira especial, onde não se pode usar sabonete, mas é apenas um banho morno de relaxamento. A sopa – muito gostosa, aliás – é tomada levando a tijela diretamente à boca, sem usar colher. O mesmo se faz com o arroz, comida típica conservada em todas as casas numa máquina especial de aquecimento. Come-se empurrando apenas com os hashis, tradicionais pauzinhos japoneses. O macarrão, sugado ruidosamente, não é problema na etiqueta japonesa. A saudação é uma reverência bastante profunda, dobrando a cintura e não apenas o pescoço como fazemos nós. Será tanto mais profunda,  quanto maior a importância da pessoa saudada. O aperto de mão é raro e não do gosto japonês. É usado quase exclusivamente com os estrangeiros, sobretudo autoridades.  Assoar o nariz com lenço de pano é considerado falta de higiene. Só com lenço de papel.

Povo ordeiro, disciplinado, de tradição rígida, tem o trânsito organizado, com os carros dirigidos pela direita, como na Inglaterra e em muitos países asiáticos.

(Texto retirado de “Novas Memória Salesianas de um Velho Arcebispo”)

Obs: O autor é  arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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