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Entre 1964 e 1985 imperou no Brasil a ditadura militar. Foi um tempo de trevas, perseguições, torturas e mortes. Era proibido protestar. Mesmo assim, as comunidades eclesiais de base se reuniam, refletiam sobre a dura realidade à luz da palavra de Deus e encaravam a situação político econômica regional e do país. Havia passeatas da panela vazia enfrentando a polícia. Na época houve a guerrilha do Araguaia, sinal de resistência popular. Em Santarém do Pará, os trabalhadores rurais ousaram e tomaram a direção de seu sindicato, até então nas mãos de pelegos. Chegaram a enfrentar a truculenta polícia federal.

Bem diferente de hoje, quando se vive nova ditadura, desta vez não de militares, mas comandada por senadores, deputados, presidente interino e acobertados pelo poder judiciário. Porém, a sociedade civil está passiva. Não se ouve nem vê um sindicato de trabalhadores nos estados da Amazônia se rebelar contra o aumento de desemprego, hoje com 12 milhões de trabalhadores na rua de mãos abanando. Não se ouve falar de Comunidades eclesiais de base, ou células protestantes fazerem passeatas contra as reformas que estão sendo armadas para prejudicar pobres e trabalhadores.

Lá em Brasília os políticos estão fazendo emendas à Constituição nacional, violando direitos trabalhistas e da Previdência social. Já preveem extinguir o décimo terceiro salário do trabalhador, ampliar a idade para aposentadoria, retirar poderes dos sindicatos. Tudo isso e mais para gerar lucros aos patrões e escravizar os trabalhadores.

Diferentemente da ditadura militar de tempos atrás, hoje a sociedade civil está passiva, com raras exceções. Os sindicatos de trabalhadores de Manaus, Belém, Macapá, Boa Vista e demais estados da Amazônia, estão silenciosos, conformados com o massacre. Políticos chegam em suas cidades, ministros visitam regiões e não se sente nenhum protesto, nem resistência. Por que tanta apatia quando as desgraças estão sendo montadas pelos políticos e ministros?

Estranho, muito estranho. O que será que mudou de 1972, tempo de mais cruel ditador Médici, para hoje a ditadura do cínico Michel Temer? Será medo? Aceitação da humilhação, mesmo sabendo que seus filhos e netos irão amaldiçoá-los por falta de coragem de resistir a esta nova escravidão? Até quando essa humilhação vai perdurar sem resistência? (28.02.2017)

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
 Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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