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Cegueiras fazem mal às pessoas e não permitem que suas ideias sejam modificadas, mas servem de pretexto para impor suas verdades absolutas.

“Não é triste mudar de ideias. Triste é não ter ideias para mudar.” (Barão de Itararé)

Cada vez é mais comum deparar-se com alguém intolerante com as ideias que não sejam as suas. Intolerante com as ideias e pensamentos alheios, muitos desejam “eliminar” os seus contrários ou contraditórios. Em nome da verdade, pregam e vociferam contra tudo e contra todos que, supostamente, possam contrariar suas certezas.

Todos deveriam ter a sua ideologia. Todos deveriam seguir determinadas ideias para não ser pensados pelos outros. Todos deveriam manifestar suas opiniões, mas sem a pretensão de anular os pensamentos dos outros. Todos deveriam praticar o exercício da escuta respeitosa. Todos deveriam considerar que alguns não mudarão as suas ideias, mas que o tempo e a persistência das afirmações poderão encarregar-se de mudanças bem significativas nos modos de ser, pensar e agir de todos. É preciso sempre acreditar que as lições de vida sempre se encarregam de modificar as pessoas.

Na política e na religião as ideias rígidas e fixas tornam-se extremamente perigosas. As ideologias cristalizam verdades absolutas, com as quais é impossível dialogar. Quando não há mais diálogo, abrimos espaço imediato para ações desprovidas de razão. Aí então a emoção e a paixão cegam as pessoas, levando-as a agir sem a medida da razão. Perigoso mesmo é quando as mesmas ideias produzem catarses coletivas, também chamadas de “lavagem cerebral”.

Cada um desenvolve um método para lidar com os intolerantes e insensatos. Tudo o que estes esperam é que a gente reproduza a sua intransigência. Por isso mesmo, é preciso exercer muita paciência, associado ao tempo e ao bom senso. Antes tarde que mais tarde, muitos reconhecerão não a nossa razão, mas a consistência daquilo que a gente pensa e daquilo que a gente faz. O que nos derruba diante dos outros é sempre a incoerência.

A abundância das informações no mundo do conhecimento imprime a ideia de verdade como uma busca, não como uma afirmação definitiva. A questão que se coloca agora é como lidar com esta perspectiva da verdade, num momento que a humanidade, contra a sua evolução, afirma-se em novos fundamentalismos. Como afirma o poeta alemão Henry Charles Bukowski Jr,

“o problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as pessoas idiotas estão cheias de certezas”

Cegueiras fazem mal às pessoas e não permitem que suas ideias sejam modificadas, mas servem de pretexto para impor suas verdades absolutas. Eu prefiro evitá-las!

Obs: O  autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS.
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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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