Olhando o conjunto de toda a Sagrada Escritura, constamos que ela é plural. A própria palavra “bíblia”, que parece singular, é um plural indiscutível, que a língua grega atesta, nos dizendo que se trata de “livros”, no plural, e não um só, o singular.
Brincando um pouco com as palavras, podemos o usar a palavra “singular” não só no sentido de um só, que o número um testemunha, mas também no sentido de “precioso”, “especial”, “característico”. Aí sim, dá para dizer que “o singular da Bíblia é que ela nos traz uma pluralidade de experiências humanas, e a insondável riqueza do único mistério de Deus, que se faz presente na diversidade das situações humanas.
Aí chegamos perto do que é a Bíblia. Ela traz relatos da vida humana, os mais diversos e possíveis, desde guerras e ódios, até alianças e amores. Assim a Bíblia se tornou espelho do mundo, pela diversidade de suas narrativas humanas. E se torna testemunha do mistério de Deus, pela inesgotável misericórdia que foi se manifestando nas diversas situações que a Bíblia descreve.
Assim, um bom singular se conjuga perfeitamente com um autêntico plural.
Muitas realidades humanas, descritas e testemunhadas, e um Deus verdadeiro e único, que quis fazer aliança com a humanidade através do seu Filho e na força do seu Espírito. Não existe nada mais singular do que este livro, plural e único ao mesmo tempo.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.