PRIMEIRO ADVENTO DA CHUVA
Na véspera do Advento, o Sr. Zé Alfaiate diz: Agora a chuva vem mesmo. O relâmpago aparece nas bandas de Águas Belas! – É o advento da chuva que o povo chama de DIVINA MISERICÓRDIA. “Senhor, abre os céus, porque não dá mais”. As ovelhas já aprenderam a comer a rama verde do aveloz, e o gado experimentou a folha do Mata-fome. É o último grau de penitencia. As ovelhas berram, procurando água: Onde ééé? Senhor, escutai o grito, porque toda criação geme e sofre.
De fato, Deus ouviu o grito na tarde do Primeiro Domingo do Advento. Alguém trouxe um galão do açude e falou todo alegre: Fiquei molhado! Mas ninguém sabia, se era do suor ou da chuva. O Senhor abriu os céus, mas foi muito pouco. Depois deu uma chuva no dia 30 de novembro de madrugada que encheu o tambor da biqueira pela metade. Ainda deu outro consolo no dia três de dezembro, e todo mundo falou: Só isso? Mas afinal: Advento é preparação. Ninguém sabe o que se prepara.
O Sr. Messias está limpando e aprofundando o barreiro atrás da casa, imagem viva do coração aberto para receber a Graça Divina. Dona Maria, do Alto, varre os caminhos de acesso ao barreiro e constrói um muro de pedra que servirá de filtro para a água. Tudo está esperando o dia. Zé Dazinho ajeitou uma calha no telhado e arrumou um tambor. Senhor, não falta mais nada!
Obs: O autor é Frade Franciscano, nasceu na Alemanha em 1940.
Chegou ao Brasil como missionário em 1964. Depois de completar os estudos em Petrópolis atuou no Piaui e no Maranhão. Exerceu trabalhos pastorais nos anos 80 em meio a conflitos de terra. Desde 1995 vive em Teresina no RETIRO SÃO FRANCISCO onde orienta pessoas na busca da vida espiritual.
Imagem enviada pelo autor.