1 de fevereiro de 2017
“Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,…” (*)
Depois, deixei-me conduzir por eles
(sem a intransigência dos itinerários)
que, por serem azuis, levaram-me
primeiro ao mar e em seguida
aos mais altos morros da cidade.
Houve ali uma tentativa de transformarem-se
em tapete voador
mas, não conhecendo eu bem
a fisiologia dos sapatos azuis
e temendo perturbações
nas rotas das aves,
preferi regressar ao meu quarto
onde houvesse embora livros de sonetos
e jabuticabas, adormeci e sonhei
que um anjo descalço me levava
à fábrica de tinta azul do céu.
(*) De: A Vertigem Lúcida.
Secretaria de Educação e Cultura
Recife – Pernambuco.
Obs: Texto retirado do livro do autor – Livro dos Silêncios
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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