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Ninguém é poeta por que quer, por conta própria, por gosto… se é poeta por mister, por sina, por desgosto, desses desgostos profundos que costumam acabar com o mundo interior.
Só é poeta quem mergulhou fundo na vida em dias de tempestade, se molhou inteiro, lavou o suor e a lama na chuva bendita, feriu a alma com o claror dos raios, ensurdeceu com o ribombar de mil trovões e, mesmo assim, voltou e se secou ao sol, lambeu feridas, se restaurou e fez do que era triste uma nova chance de vida.
Só é poeta quem foi escolhido a dedo pelo tormento e pelas tormentas, quem escapou mas manteve a cicatriz,
quem não se envergonha de se mostrar a nu até o osso, que ousa tudo, quem sabe até onde vai a dor e a alegria, quem cheira o ar e fareja o sangue, e o medo.
Só é poeta quem andou muitas estradas e percebeu que teria que voltar todo o caminho, e refazer cada passo, e abandonar o ninho construído – com pena do sacrifício – mas não se rebelando ao destino que joga o poeta ao relento.
Só é poeta quem ama, quem doa, quem se descabela e arde.
Só é poeta quem sabe escrever poemas com a carne!