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Amazônia, o que será amanhã? É título de um livro resultado dos editoriais transmitidos pela Rádio Rural de Santarém entre 2001 e 2009. Hoje outro livro precisa ser escrito com novo título – Amazônia o que está sendo feito dela? De fato, para quem acompanha a situação e tem respeito pelos povos tradicionais e a mãe natureza, assusta a rapidez e o grau de invasão territorial e destruição do patrimônio de riquezas da região. Estão levando quase tudo e deixando buracos, chão sem florestas e povos na pobreza.
Diante da invasão legalizada do território e o saque das riquezas, surpreende a pouca resistência dos moradores e a escandalosa submissão dos governantes. Como foi que a multinacional CARGILL se apossou de toda a área da Vera Paz sem problema? Como é que a EMBRAPS está querendo se apossar da área de proteção ambiental da boca do lago do Maicá? E com apoio de alguns moradores iludidos com promessas e aprovação da maioria dos vereadores de Santarém? Como explicar a invasão de geleiras nos rios e lagos, destruindo espécies de peixes com seus arrastões e não acontece uma resistência forte dos próprios prejudicados e da Colônia de pescadores?
Incrível o conformismos da sociedade regional diante do que estão fazendo com a cidade e o meio rural. Ninguém toma providência sobre a destruição provocada com uso de agrotóxicos nas plantações de soja, a construção de portos, com os crimes da imobiliária Buriti, as ameaças da multinacional ALCOA no Lago Grande do Curuai. Se hoje está sendo assim a destruição, o que restará para os filhos e netos dessa geração? O que dirão eles e elas de seus pais e avós?
O que será do tapajós? E do Oeste do Pará? Violações impunes dos direitos dos povos tradicionais e da própria natureza. Outro exemplo dessa violação de direitos, é promovido pelo governo do Pará. Nestes dias está sendo anunciado que o governo Simão Jatene, através da Secretaria de Estado de meio ambiente e sustentabilidade, SEMAS, imagine! Concedeu licença para a mineradora Multinacional canadense Belo Sun, instalar seu maquinário de destruição das vidas dos moradores e da natureza, para explorar 80 toneladas de ouro nos próximos 12 anos em Vitória do Xingu. Dizem que em mais anos chegará a explorar 600 toneladas de ouro. Para isso utilizará um dos mais venenosos produtos, o cianureto para retirar ouro do fundo da terra. Vai gerar uma montanha de terra e pedras do tamanho duas vezes do Pão de açúcar do Rio de Janeiro.
Tendo sido advertido pelo Ministério Público Federal e Defensoria pública para não liberar a licença, devido os males que essa exploração de outro causará aos moradores de Vitória do Xingu, comunidades indígenas da redondeza e para floresta e rios, mesmo assim o governador Jatene concedeu a licença. Que interesse tem o sr. Jatene, que em dois anos sai do governo do Estado, se apressar em proteger a multinacional exploradora de minério? A quem ele está servindo? Quem ganha e quem perde, com essa negociata? Será que um dia o Lava jato vai chegar ao Estado do Pará?
Não se pode esperar por dignidade de deputados, senadores, vereadores e poderes executivos, dali não se espera nada para o bem dos povos, nada para melhoria da qualidade de vida dos paraenses.
A única saída é os moradores, os sindicatos, as colônias de pescadores, as associações de moradores, as igrejas cristãs e os movimentos sociais começarem a agir conscientes e organizados. Defender nosso território, nossa dignidade, salvar o que é de todos. Os moradores do Lago Grande do Curuai impedir a invasão da Alcoa; os moradores da cidade de Santarém impedir a construção de portos na boca do lago do Maicá, o STTR criminalizar a invasão de agrotóxico nas plantações, a colônia de pescadores expulsar os geleiros dos nossos rios e lagos e as Igrejas tomarem o exemplo de Jesus Cristo e mostrarem a seus fiéis que a missão é identificar hoje e curar os enfermos, expulsar os demônios e anunciar boas notícias aos pobres. Não há outro caminho.
Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.