Ana Eliza Machado 15 de fevereiro de 2017

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Eu entrei no quarto e tranquei a porta. Mesmo sabendo que ninguém estaria ali, chequei por todos os lados. De baixo da cama, saiu a pequena caixinha.

Abrindo a pequena arca o quarto logo foi preenchido por sua melodia inconfundível, e no centro da caixinha de música, a bailarina rodopiava, num arco perfeito, com uma leveza que só com anos e anos de prática se adquire.

E fiquei ali sentada, encarando a pequena bailarina. E pensei como deveria ser infeliz aquela sua realidade, dançando ao som da mesma música, uma vida inteira, sem companheiro nenhum, sem escolha nenhuma, presa num único movimento, à mercê de quem escuta, de à quem pertence.

Se não abro a caixinha, ela permanece no escuro. Se a abro, fica presa naquele arco, naquela pirueta, ao som da mesma música. O que fazer então?

Será que também nós não somos como a pequena bailarina? Adaptados à realidades diferentes, dependendo de outra pessoa, de outras decisões? O que fazer, então?

Como reagir e mudar o tom da música que dançamos? Com quem dançar? Para quê dançar ? Para satisfazer desejos e vontades? Vontades nossas ou de terceiros? Como agir então?

Melhor ficar no escuro, à salvo de olhos alheios, ou a dançar a mesma dança, cansativamente, dia após dia?

Continuaremos como a pequena bailarina, à mercê de outras músicas, de outras vontades, de outras pessoas? Ou passaremos a dançar conforme a nossa própria vontade ?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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