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A Campanha da Fraternidade 2017 vai tratar  do cuidado com o Bioma Amazônico aqui na região. Este bioma está sendo destruído rapidamente nos últimos 50 anos. Além das florestas e rios, também as cidades estão nessa avalanche. Estas que originalmente eram lugares de convivência de vizinhos, hoje vão se tornando lugares de isolamento, de destruição de culturas e sendo apenas dormitórios de trabalhadores submissos à ditadura do capital.

Empresas querem os melhores locais para seus escritórios, imobiliárias compram e vendem lotes privilegiados expulsando antigos moradores mais pobres para periferias insalubres. Vão surgindo as selvas de pedra dos arranha céus.  Nossa casa comum vai deixando de ser nossa, para ser privatizada e globalizada. Sítios arqueológicos são destruídos, cenários bonitos são obstruídos pelos prédios de escritórios, ou de apartamentos onde os vizinhos não se conhecem.

É assustador a forma como o capital esmaga a convivência dos povos da Amazônia, que em sua maioria ainda são de cultura comunitária, herança  de nossos parentes originários. Basta ver os números. Manaus, antes de ser Zona Franca em 1965 tinha uma população de 95 mil moradores. Era uma cidadezinha provinciana. Hoje alguns de seus moradores falam com orgulho que Manaus está maior que Belém, com seus 2 milhões e quinhentos mil habitantes. Como se isso fosse desenvolvimento humano com aquela floresta de pedra crescendo dia após dia, isolando as pessoas.

Em menor proporção outras cidades vão inchando, como Boa Vista, Porto Velho, Santarém, Balsas,  Oiapoque e até Cruzeiro do Sul lá longe do barulho da capital. De um ano para o outro as aglomerações humanas vão crescendo e rompendo a convivência de vizinhos e até de parentes. O êxodo rural é o novo fenômeno uma das consequências da nova era neo liberal. O meio rural vai se esvaziando rapidamente, como se a cidade fosse a melhoria de vida para as famílias. Amarga ilusão, basta ver a angústia dos pais que andam pelas escolas em busca de vaga para seus filhos. E é só verificar as filas nos hospitais em busca de uma consulta.

A população urbana dos nove estados da Amazônia era em 1970 de 44, 6 %, menos da metade dos moradores da região.  Hoje a população nas cidades é de 75% e apenas 25 de cada cem moradores da Amazônia vivem na zona rural. Até onde vai esse abandono de nossa casa Comum?

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
 Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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