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Nesses dias próximos ao natal é bem comum vermos nos canais televisivos filmes e documentários sobre o nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus. Sabemos que Jesus não nasceu dia 25 de dezembro. Uma das hipóteses com maior número de defensores entre os estudiosos do tema sugere que, em algum momento do século IV, a Igreja fixou a comemoração no dia 25 de dezembro com a intenção de suplantar o antigo – e muito popular- festival pagão do Sol Invicto. (http://super.abril.com.br/historia/cristo-nao-nasceu-no-natal).
De acordo com o relato bíblico, Maria, ainda uma adolescente, soube que estava grávida de um menino-Deus. Quanta responsabilidade para uma menina!
Quando assisti a cena de Maria vendo seu filho amado sendo torturado e crucificado, fiquei imaginando tamanha dor dessa mulher. Logo percebi que estou longe, muito longe de entender. Comecei a pensar também no choro das mães “comuns” que perderam seus filhos para o tráfico, ou os filhos que morreram de bala perdida, doença ou acidente de carro. Mulheres que geram vida dentro de si mesmas e que depois passam pela difícil tarefa de ver essa mesma vida desaparecer.
Sabendo da impossibilidade de consolá-las, gostaria de dizer o tamanho respeito e admiração que tenho pelas mulheres. São guerreiras sensíveis que, na medida do possível, escolheram continuar vivendo mesmo passando por traumas tão terríveis.
Escrevo nessa época em que o assunto que mais vejo ser comentado é sobre o famoso vídeo da Fabíola, que disse estar indo fazer as unhas, mas que, na verdade, estava no motel traindo seu marido. Tanta coisa séria acontecendo em nosso país e só se fala nesse vídeo. Confesso que não sei se teria tido a mesma repercussão, se a filmagem fosse feita por uma mulher que descobriu que seu marido não estava no futebol e, sim, no motel com outra. Esse vídeo pode ter revelado um machismo inconsciente de homens e mulheres misturado com um sentimento sádico, esperando momentos como esse para emergirem dentro de nós para punir pessoas como essa tal Fabíola. Dizem que ela foi perdoada pelo marido, se isso for verdade e se seu marido a perdoou, o “bendito” será visto pela maioria das pessoas como um idiota e sem amor próprio. Ultimamente o perdão não está em alta nem na época do natal.
Elas, as mulheres, estão longe de serem perfeitas, mas penso que as mesmas, geralmente, têm mais facilidade em perdoar. Suas feridas narcísicas cicatrizam mais rapidamente que a dos homens. E quem perdoa de verdade, volta a acreditar. Daí, o natal nasce de uma ideia bonita, de nascimento, de esperança. Não da realidade atual de um dia que comemos e bebemos (para os que tem o que comer e beber), até passarmos mal juntamente com alguns familiares e amigos. Falo desse que nasce da reflexão sobre o perdão, sobre dar chance para a vida, sobre abrir uma possibilidade de fazer diferente do que sempre se fez. Sobre saber pensar e se colocar no lugar do outro de alguma forma. Isso transforma nossa mente e nossas ações.
Jesus tinha um grande amor pelas mulheres. Quebrou paradigmas sociais andando com elas e, muitas vezes, sendo sustentado por elas também. Conta a História que foram elas que primeiro souberem da ressureição do seu mestre. Foram elas e não eles. Todo natal é natal de todos, mas principalmente de vocês, mulheres.
Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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