Ivone Gebara 1 de janeiro de 2017

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Temporalidade como Condição Humana

A enfermidade é a própria metáfora da vulnerabilidade; o sofrimento é o rosto amargo dessa experiência. São realidades que podem acometer o ser humano, mas não são permanentes. A temporalidade e a morte fazem parte da condição permanente do ser humano enquanto vulnerável. A consciência da vulnerabilidade aparece na velhice porque o idoso se dá conta do passar do tempo e da proximidade da morte. Essas duas condições são constantes antropológicas típicas do ser humano.

“A vida vai deixado através do corpo suas marcas, vai
desenhando traços firmes que contornam os rostos abrindo
sulcos, como marcas indeléveis que se multiplicam e se
acentuam ao longo dos anos. Vai embranquecendo e
rarefazendo os cabelos, vai fazendo o corpo sentir os anos
passarem inexoravelmente. A vida vai escrevendo nossa
história em nosso próprio corpo, em nossos gestos, em nosso
olhar. Os caminhos percorridos, os anos vividos, as alegrias e
sofrimentos, as esperanças, os desejos escondidos parecem
confluir todos para o mesmo corpo, agora capaz de revelar
uma história, capaz de deixar as rugas falarem, porque elas têm
de fato uma história. O rosto envelhecido é história, permite
uma interpretação, provoca interpretações, faz pensar…
Envelhecer é perceber esse passar da vida, constante e intenso,
como se a gente pudesse se olhar no espelho e, em um minuto,
ver a metamorfose do mesmo rosto desfilando sucessivamente
diante dos próprios olhos, transformando-se gradativamente
de jovem para velho”. (GEBARA, 1991, p. 109).

Obs: A autora é  escritora, filósofa e teóloga.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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