Embarco em sonhos e me solto de mim mesmo. Viajo, deito em espaços, desgarrado do tempo, dos corpos, das nuvens, dos céus. E descubro-me perto de ti, assim tão próximo que seria capaz de te tocar e de trocar olhares. Desdobro-me em ti e te convido para desenhar luas por esses mundos tatuados de nossos passos.
E contigo visito amanheceres. Bebemos orvalhos, deixamos os horizontes prenhe de matizes avermelhadas. Há sóis em tantas cidades onde semeamos nossas saudades. Somos crianças a descobrir as cores nos raios por entre nossos dedos, por entre árvores, nas pontas de teus cabelos. Do chão, colhemos, nos fins da tarde, os sentimentos para macular nossa pele de bem querer. E nos permitimos noite e nos fazemos escuros e risos.
Nos seios da memória, acalanto teu ser. Sigo molhado do tempo, templo de ti, feliz ao te visitar dentro de minha lembrança, lugar de ti. Encantado, volto dos sonhos todo colorido, manchado de ti, com alguns fios de teus cabelos em minhas mãos. Um sabor teu se faz luz e dia e eu caminho com teu olhar e sorriso em meu rosto.
Sou teu.