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APAC é a sigla gloriosa de uma instituição cujo nome completo é “Associação de Proteção e Assistência aos Condenados”. Envolve cidadãos e cidadãs sensibilizados com a situação do sistema prisional. Espalha-se por todo o Brasil.
Recebi convite de Simone Berilli Jabour de Rezende para comparecer ao seminário que a APAC promoveu dias atrás, em Vitória.
Não pude comparecer, mas registro meu aplauso ao magnífico trabalho da “Associação de Proteção e Assistência aos Condenados”.
A APAC de Vitória, na linha de suas congêneres, foi criada em dezembro do ano passado. Sob seus auspícios realizou-se o seminário a que me referi. O evento aconteceu em Ponta Formosa, um espaço pertencente a “Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo”, porém marcado pelo espírito ecumênico. Na Ponta Formosa, por inúmeras vezes, crentes de várias confissões, ao lado de homens e mulheres de boa vontade que não professavam uma Fé particular, comungaram projetos e ações em favor de um mundo mais digno e mais justo.
No Sermão das Bem-Aventuranças, a meu ver a mais bela e poética página do Evangelho, uma das bem-aventuranças está destinada aos que debruçaram seu coração a face dos presos. Nas palavras de Jesus, não foram aos presos que destinaram ternura, mas ao próprio Cristo, na pessoa dos presos.
Quando é tão comum na opinião pública o sentimento de rejeição ou mesmo de ódio ao preso, a APAC levanta a bandeira da solidariedade para com os presos e condenados.
Isto de presos me toca profundamente porque relembra minha própria vida. Buscando a bem-aventurança prometida, já na infância e adolescência visitava os presos em Cachoeiro de Itapemirim, por ensino de minha mãe. Como Juiz de Direito, arrostando muitas vezes a incompreensão de alguns, tive respeito para com o preso. A reincidência criminal, por parte de presos que tiveram oportunidade de trabalhar fora dos muros da prisão, que receberam meu “voto de confiança”, foi incrivelmente baixa. Relatei a experiência no livro “Crime, tratamento sem prisão”. Na Comissão de Justiça e Paz, da Arquidiocese de Vitória, ao lado de companheiros dedicados, denunciamos arbitrariedades, apontamos falhas, sugerimos caminhos.
Em matéria de compromisso para com o preso, duas pessoas, no Espírito Santo, representam inúmeras outras: um advogado e uma militante da Pastoral Carcerária.
Através de Isabel Aparecida Borges da Silva, homenageio todos os batalhadores de Pastorais Carcerárias e organizações de serviço ao preso, em todo o país. Isabel, numa luta que não conhece repouso, coerente, corajosa, é bem o símbolo da mulher bíblica que o Livro da Sabedoria exalta como modelo.
Com a menção de Sandro Chamon do Carmo, homenageio todos os advogados brasileiros que, no serviço ao preso, fazem de seu ofício um gesto cotidiano de fraternidade. Sandro tem dedicado sua vida ao semelhante, como expressão de Fé. Seu devotamento ao preso alcançou as altitudes do heroísmo quando, em visita a presos em rebelião, foi seqüestrado para depois ser libertado, sem qualquer exigência dos amotinados. Sandro personifica a mais alta grandeza que a profissão de Advogado pode atingir.
Obs: O autor é magistrado aposentado (ES), escritor, professor, palestrante.
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