denis o que realmente importa

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https://denisathanazio.wordpress.com/

Esse texto não fala de nenhuma novidade. Na verdade está até ficando cansativo escrever sobre ele, porém acho muito urgente e necessário.

Ultimamente tenho conversado e atendido alguns pais. Escuto sobre seus anseios, dificuldades, o que pensam ser o melhor para o futuro dos seus filhos. Sabendo que nunca podemos generalizar, pois cada ser humano tem sua “digital física e psíquica”, tenho observado alguns comportamentos muito parecidos entre esses pais, principalmente (mas não somente) da classe média.

Estão enchendo seus filhos de atividades, pensam em investir na melhor educação escolar, trabalham muito para ter um carro e uma casa espaçosa, assinam TV a cabo, compram tablet, videogame, celular, computador e muita comida, fazem viagens todo ano.

Longe de condená-los ou indicar uma fórmula mágica só gostaria de expressar minha opinião sobre o assunto. Primeiramente sei a utilidade e importância que pode ter um carro, uma moradia, saúde, uma boa educação e a importância de se ter dinheiro. Mas temo que estamos perdendo de vista sobre o que realmente importa nas relações sociais, principalmente nas famílias.

Você, pai, já parou para se analisar o porquê de comprar tantos presentes para seu filho? Por que ocupa todos os espaços da sua vida e da vida dele com diversas atividades? Qual foi a última vez que olhou para os olhos de seu filho sem estar com algum aparelho televisivo ou tecnológico ao seu lado, vibrando, tocando ou lhe mostrando imagens que nada tinham a ver com o momento que estavam desfrutando?

Realmente, mesmo que em graus diferentes, todos temos medo de olharmos para dentro de nós mesmos, correndo o risco de descobrirmos uma pessoa carente, impotente e que muitas das vezes não sabe como enfrentar as contingências da vida, inclusive no que diz respeito a forma de se relacionar com seu filho. Talvez por isso que temos esse desejo inconsciente de encher nosso tempo com tanta coisa, pois, estamos enfrentando uma resistência interna, para não pensar na vida que estamos levando literalmente, isto é, carregando como um fardo.

Algum leitor pode estar pensando que sou um naturalista ou uma pessoa que cresceu no campo e que estou defendendo uma vida de isolamento fora das grandes metrópoles. Na verdade, é o contrário. Gostaria de pensar que nessa correria toda que nos acostumamos, consigamos refletir sobre a vida que estamos vivendo. Que uma mãe pare um pouco de investir todo seu tempo em planejar seu quarto novo com suíte para perceber que seu filho está distante dele ou dela emocionalmente há muito tempo. Que um pai consiga diminuir um pouco o tempo de olhar para suas contas financeiras e perceba quem está chorando dentro da sua própria casa precisando de atenção. Que tomemos a consciência que carro é uma ferramenta para te conduzir a um lugar, e não se compra afeto e intimidade através dele.

O nosso desafio diário é (por incrível que pareça temos que relembrar) de sermos mais maduros e responsáveis que nossos filhos. E essa atitude começa pela nossa disposição de entendermos onde estamos errando, vencermos nossas resistências psicológicas e percebermos o que realmente importa nos nossos relacionamentos. Estranhamente, talvez você começará a diminuir algumas atividades e cargas jogadas em suas costas e nas costas da sua família, e diminuirá, inclusive, alguns planos futuros.

Tentar sermos sinceros conosco e com as pessoas ao nosso redor já é um bom começo. Por mais clichê que pareça essa afirmação, os melhores presentes que podemos dar aos nossos filhos e familiares não se compram. Amor, afeto e atenção ainda não se vendem na padaria nem no mercado livre. Se quiser “adquiri-los”, precisará trabalhar muito! Mas creio que vale a pena o esforço!

Obs:  O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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