Lila Costa 1 de dezembro de 2016

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Na minha infância eram  raros bonecos como se fossem bebês. Nunca gostei de bonecas  com jeito de moças. Entre as minhas amigas poucas tinham bonecas e muito menos bonecos .

Normalmente ganhávamos de presente livros e revistas em quadrinhos que permutávamos entre os amigos. Naquela época, só existiam os brinquedos da marca Estrela, que eram pouco acessíveis, por serem muito caros.

Mas em um certo natal, não lembro o ano, Ana Lúcia, para nós: Lulu, filha de Dr. Martins,  que era o diretor da Escola Agrícola aonde nós morávamos, ganhou um baby da estrela, achei a coisa mais linda do mundo. Grande quase do tamanho de um bebê normal, lindo, uma beleza.

Aquele baby foi um sucesso, teve até batizado, iniciativa de D. Erundina, nossa professora primária. Imaginem a curtição.

Queria ter um também, mas pensei que devia ser muito caro, pois só quem tinha era a filha do diretor. Supostamente a pessoa que devia ter mais dinheiro. Então pensei se eu pedir um a papai e ele não puder me dar, vai ficar muito triste. Então querendo poupá-lo, nunca pedi. Consequentemente nunca ganhei. Já grande, pensei: podia ter sugerido,  juntar o presente de aniversário e o do natal e se fosse muito caro, esperaria alguns anos e um dia ganharia. Todavia na o fiz.

Realizei o desejo através das  minhas sobrinhas. Quando cresceram um pouco  comprei um baby  para cada uma, eram três. Foi confeccionadas roupinhas iguais, todas cor de rosa, pois era a cor que elas gostavam. Sempre dava-lhes presentes iguais, pois duas eram gêmeas e 11 meses depois nasceu outra. Então para não se sentirem preteridas, os presentes eram iguais, assim não tinha do que reclamar. Uma delas o tem até hoje.

No batizado de Maria Beatriz, filha da minha sobrinha Lourena, uma das gêmeas, a que ainda tem o baby,  mandei fazer para o baby um timão (roupa comprida) que as crianças usavam antigamente e se batizavam vestidas com ele, inclusive. Quanto maior as posses dos pais, mais bonitos eles eram. No geral, de cambraia de linho e bordados à mão, lindíssimos. Por sinal Maria Beatriz se batizou com o timão do seu avô materno, meu irmão caçula, Sanclair Pedro. O baby foi entregue a Maria Beatriz na festa do seu batizado, dentro de uma caixa, especialmente feita para acondicioná-lo. Lourena ficou surpresa e os presentes acharam uma graça a ideia.

Então tomei como lição: nunca deixe de externar os seus desejos, vai que alguém escuta e os realiza. (Olinda, 27 de julho de 2016)

Obs: Lila Costa  (Suely Telma Vieira Costa)   é Membro da Academia de Letras de Escada – AELE e da Academia de Letras e Artes  de Moreno – AMLA.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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