alencar fotonova blog

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Já havia se passado alguns dias da morte trágica do “Valeco”. Este sim era uma pessoa com muitos amigos. Era mais um cidadão do Arapixuna que vivia vendendo sua força de trabalho e aproveitando bem a vida com a turma do “Canavial” formada por bons amigos de copo e de sangue.
Pois bem, passado pelo menos uma semana do seu sepultamento, eis que o amigo “Borrodogue” resolveu lhe fazer uma visita no cemitério para lhe pedir perdão por ter tido a coragem de acompanhar seu cortejo fúnebre devido ao alto grau de amizade e parentesco.

Foi um acontecimento que realmente mexeu com o brio do “Borrodogue”, as emoções não o deixaram ir ver o amigo defunto, mas nesse dia a coragem ou a fé lhe impulsionaram em direção ao cemitério. Chegando às proximidades do local santo, veio então a fraqueza de espiríto e foi aí que ele se valeu da coragem de uma moradora da rua que passa por dentro do terreno dos mortos e resolveu pedir ajuda para conseguir cumprir sua sina, orar e acender velas em memória do finado Valeco na mais pura intenção de lhe pedir perdão por sua “covardia” de não ter se juntado ao cortejo  do enterro.

Pediu a Sra. Maria Dercy, mulher que demonstra muito fervor religioso, que o acompanhasse até a sepultura do amigo e que lhe ajudasse também nas orações. Seguiram os três, “Bordogue”, Maria Dercy e seu pequeno neto João Vítor.
Chegando ao campo santo os mais velhos avistaram uma sepultura recente e ali acamparam para prestar as homenagens devidas ao Valeco.

Acenderam suas velas e fizeram as orações de costume para tais momentos. Terminado esse primeiro ato, a Sra. saiu e deixou o “Borrodogue” sozinho para que ele tivesse um momento de paz e cumplicidade com o amigo.
D.Dercy saiu com o neto e quando já estavam em casa o neto resolveu lhe confindenciar que a sepultura escolhida pelos dois não era do Valeco, pois ele havia, em seu passeio entre as “covas”, avistado uma cruz com a inscrição de “Manoel garcia” (nome de batismo do Valeco)…
A Sra. saiu apressada rumo ao cemitério para contar a novidade ao “Borrodogue” que ao ouvir o relato começou a fazer o translado das velas e começar novamente as orações, dessa vez em lugar certo…

P.S: A percepção sagaz de uma criança às vezes supera a objetividade dos adultos!!!!

Obs: O autor é  Professor da Rede Pública Municipal de Santarém.
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA. Técnico em Educação na Rede Estadual. Especialista em Ciências Sociais para o Ensino Médio e autor do livro – Brinquedo: Contos e Poesias.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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