1 de novembro de 2016
Essa tristeza se espalha por dentro de meus rios e descansa pálida em mim. E tudo, absolutamente tudo, fere meu silêncio. Meus gestos se crispam ao tentar esculpir, em tua ausente pele, um pouco de carinho. Tua nudez repousa suave em minhas mãos. Saudoso, silente, tento viver a solidão da casa sem teus sons, sem teu olhar, sem tua vigilância, sem teus cuidados. Sim, cuidaste tanto de mim como eu cuidei tanto de ti. Assim, vivíamos prenhe dessa naturalidade do querer bem. E, agora, essa doída ausência. Resta-me a inútil esperança de te reencontrar em outra curva do universo, onde tua infância, novamente, brotará na minha e, feito crianças, seguiremos num silêncio pleno. Um silêncio só nosso.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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