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Santarém, Oeste do Pará, e o país inteiro estão vivendo um regime de ditadura parlamentar e judiciária. É muito grave a conjuntura, tanto para estudantes, como para trabalhadores e os pobres. Mas já começam a surgir reações da sociedade civil: manifestações de ruas, ocupações de escolas e de universidades, greves e pressões nos parlamentos.

Quem interpreta melhor suas consequências, garante que vai aumentar a indignação e revolta popular. Em Santarém já houve alguns sinais, como uma manifestação da praça com 5 mil pessoas contra a PEC 241 e pressão sobre a Câmara de vereadores em nome dos eleitores de Santarém. Nestes dias está havendo ocupação da UFOPA, universidade pública.

Por que se afirma que Santarém e o país todo  vivem debaixo de uma ditadura parlamentar e judiciária? Dois sinais explicam essa afirmação. Primeiro, o ministro da educação decreta mudança no currículo do ensino médio, retirando dos adolescentes  e jovens a possibilidade de cultivar visão crítica e filosófica da vida. Saem do currículo matérias como filosofia e sociologia, além de outras duas. Tal decisão aconteceu sem negociação com a sociedade, nem mesmo com as escolas. Outro sinal da ditadura parlamentar, é a votação do projeto de corte nos gastos públicos por 20 anos, a tal PEC 241.

Já foi aprovada na Câmara federal e está no senado, mas sob pressão do governo federal, mesmo com toda a reação nos estados e municípios. Essa famigerada emenda constitucional está feita para prejudicar gravemente estudantes, pobres e trabalhadores. Para isso, querem cortar gastos públicos até o ano 2036. Atinge principalmente, o SUS, a educação, a assistência à saúde em geral, o salário mínimo e até a aposentadoria que passará para 65 anos. E tudo isso, sendo aprovado pelos deputados e senadores, maioria deles acusada de corrupção. Nos próximos 20 anos a população brasileira deve aumentar mais 10 milhões de pessoas, a população estudantil vai duplicar, as doenças também aumentarão, mas as verbas federais serão controladas e não poderão acompanhar esse crescimento de demanda.

Esse esforço do governo Temer recai só sobre os pobres. Os Bancos, as grandes empresas do agro negócio, as mineradoras e fazendas, terão todo apoio do governo, porque dizem eles que esses fazem crescer a economia do país. Além disso,  não falam em diminuir ganhos deles.  O salário limpo, de um deputado federal hoje é de 34 mil reais, fora outras vantagens; 17 mil juízes no país, cada um teve salário e rendimentos de 46 mil reais/mês, no ano passado. E não vai mudar. Um mil e 200 promotores e procuradores de justiça, inclusive no Pará, cada um teve salário  de 33 mil e 700  reais/mês no ano passado e não vai mudar. Um ministro do Supremo Tribunal Federal custa por mês uma fábula de mais de 100 mil reais aos cofres da nação. E não vai mudar.    As maiores empresas de televisão do país, encabeçadas pela Rede Globo, tiveram negociação com o governo Temer sobre suas enormes dívidas com o Estado brasileiro. Além disso, o governo aumentou a publicidade nesses canais de comunicação. Em troca ninguém vê, nem ouve uma análise critica sobre esses absurdos do governo. São só elogios nas notícias pelos canais de televisão Que só vê esses canais está muito mal informado.

Para garantir essa ditadura seus donos usam a repressão contra quem resiste. Segundo informações que não aparecem nos canais de televisão, a Associação de juízes está lutando para acabar com a chamada presunção de inocência de quem é acusado de algum crime; o Ministério Público Federal faz campanha para endurecer a lei e reduzir as garantias dos cidadãos; promotores permitem uso de algemas  em adolescentes infratores e a polícia reprime estudantes em protesto nas escolas, por causa da reforma do ensino médio.

Assim está o Brasil e Santarém. As melhorias alcançadas pelos pobres nos últimos 14 anos, estão indo de águas abaixo. Aumentará a desigualdade social, aumentarão o desemprego e as mortes por falta de atendimento médico. Que fazer? cruzar os braços? Lastimar e xingar apenas? É preciso nos juntar aos que já estão nas ruas, greves e ocupações. Assim, da noite tenebrosa poderá surgir luz e claridade.(06.11.16)

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
 Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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