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Antonio Mesquita Galvão sempre foi um autor referência em moral e ética na perspectiva que aprendi na minha formação crítica-humanística: não haverá paz sem que haja justiça. Em 1997, escreve livro com o título “A crise da ética: o neoliberalismo como causa da exclusão social”. Tenho este livro e reli o mesmo para escrever esta reflexão. Em seus 90 livros escritos, Antônio Mesquita Galvão revela-se profundo conhecedor dos temas que relacionam ética, moral e cristianismo.

Assim ele mesmo se revela: “enganem-se ao me imaginar cristão de sacristia: sou atuante, trabalho em comunidades (…), ministro da esperança, dou aulas em casas de formação, assessoro workshops de teologia, coordeno círculos bíblicos e animo retiro de padres, religiosos e leigos. Inscrevam-se! Se querem currículo, deixei de dizer “Mestre em escatologia”. Desculpem por eu ter estudado. Ok?”

Em 97 escreveu: “A falta de ética pode ser encontrada no fim de muitos raciocínios indagadores a respeito da desordem social que há em nosso país”. Naquele contexto, o Brasil sofria as consequências nefastas das ideias neoliberais que eram aqui implantadas. Vinte anos depois, o Brasil descobre-se corrupto. A corrupção, embora reconhecida problema grave, está longe de ser um problema suficientemente sério para ser levada a sério por todos os brasileiros.

Prossegue Galvão: “A ética, como ethos (bom comportamento moral vivido à luz do direito natural), não é vivida nem buscada, e, por configurar-se uma situação de injustiça, não há paz. “A justiça produzirá a paz!” (Is 32,17), ensinou o profeta. “A falta de paz numa sociedade é indicador da ausência de justiça. E, nesse particular, ética e moral funcionam como colunas de justiça”.

Redescubro Galvão agora em setembro de 2016, afirmando seu histórico de estudos e reflexões na área: (eu lecionei Ética na universidade e escrevi dois livros sobre o tema, Crise da ética e Ética cristã e compromisso político) publicando um artigo no Zero Hora (http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/noticia/2016/09/antonio-mesquita-galvao-a-vergonha-da-delacao-premiada-7482472.html). Neste artigo, o autor afirma que no Brasil acontecem coisas curiosas se não fossem trágicas e imorais, que vistas com olhos da ética formal chegam a revoltar e nos levar a duvidar da instauração de um Estado decente.

Questiona o uso indiscriminado e abusivo do Instituto da Lei Penal, a delação premiada: “Não é porque o bandido “entrega” o resto da quadrilha que ele mereça credibilidade para tomar parte ativa no processo, ou se torna menos bandido”. Escreve também: “nos subterrâneos da ética constata-se a prática pragmática dos fins que justificam os meios. O cara é criminoso, corrupto ou calaveira, mas para ajudar a justiça ele recebe o placet, como se testemunha honesta fosse”. “Incentiva-se os jovens às atitudes morais, mas ensinamos a delação premiada, que é uma ruptura ética”.

Concordo e retomo as sugestões de Galvão. Perspectivas de ação cidadã e da ética e da moral, com novos desdobramentos para as novas gerações. Enquanto não praticarmos a justiça, não haverá possibilidades de paz!

Obs: O  autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS.
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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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