deborah 01

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Querido amigo, apesar de não nos falarmos mais, eu gostaria de lhe dizer algo: eu não me esqueci das confissões, dos fins de semana, gargalhadas e madrugadas no MSN de conversas sem fim. Eu sei que tomamos rumos diferentes e hoje eu entendo que não é mea culpa, nem sua, nós não brigamos, e nem nos deixamos de falar, mas de alguma forma nos estranhamos e isso ocorreu sem nenhum dos dois perceberem. Então eu insisti em me perguntar o porquê até chegar à conclusão de que amigos são como anjos que passam por nossas vidas quando mais precisamos de acordo com o quê precisamos até a chegada do momento na qual eles seguem (naturalmente) para adicionar outras novas construções. Esta carta não é destinada apenas a uma pessoa, eu a dedico principalmente a quem eu perdi completamente o contato e não faço ideia de onde encontrá-las: eu não me esqueci de você. Quando eu era mais nova a timidez me impedia de construir várias amizades e, por mais que eu tivesse alguns amigos, insistia um sentimento absurdo de se sentir só. Eles moravam em outros estados, nós nos tínhamos no Orkut, MSN, e conversávamos todos os dias. Mas, meu grande amigo, eu não me esqueci de nenhum de vocês, pois as cartas que trocamos juntos teve sua importância. Cada momento que compartilhamos hoje nos transformam no que nos tornaremos amanhã, então eu agradeço a existência da amizade, dos amores e dos conhecidos e até desconhecidos. E, meu amigo, eu não sei se você ainda lembra, pois memória, vocês sabem? Memória é algo interessante. Certamente, você lembra algo que seu namorado (a) não lembra e você acaba ficando chateado (a) por isso. Mas, eu vou ser bem sincera contigo, a verdade é dura, mas eu vou contar: a importância que você dá aos acontecimentos não é o mesmo que ele (a) vai dar. E isso quer dizer que ele (a) pode não se lembrar do dia do aniversário que vocês se conheceram, mas você também pode não se lembrar de quando ele (a) improvisou um jantar quando não tinha nenhuma comida no armário e nem mesmo te contou sobre isso. Então meu amigo, eu não sei se você ainda lembra e, por isso, eu não fico chateada se caso o ocorra, pois eu sei que mesmo se eu falar com você no Facebook, marcarmos um café, conseguir nos encontrarmos, nós vamos nos estranhar. E sabe o por que disso? Nós passamos por constantes mudanças e já não compartilhamos os nossos segredos, então a única coisa que ainda nos resta em comum seria a nostalgia nos aprisionando. Quando somos mais novos é tão fácil fazermos amizades, não é mesmo? Nós não julgamos, não perguntamos, nós só chamamos para brincar, sorrir, se divertir e sabemos que cada um é cada um. Pois isso eu te digo, meu amigo, que eu sei que não é sua culpa, nós não brigamos, e não é que não valorizamos o que já vivemos: a gente simplesmente seguiu um rumo diferente em nossas vidas. Não compartilhamos as mesmas ideias, os mesmos sonhos, não pensamos da mesma forma e quando um dia tudo parecia se encaixar hoje se apresenta como divergências. Por outro lado, apesar das mudanças, eu gostaria de 20 minutos com o meu eu de 10 anos atrás e dizer: “O Orkut vai acabar, pegue o e-mail, qualquer coisa do tipo.” “Você vai se mudar e acha que vai dar tudo certo, mas não vai, se esforce, pegue um ônibus e veja seu amigo”. “O colégio vai acabar e você acha que tudo vai ser a mesma coisa, mas não vai então se esforce um pouco mais”. E, para aqueles que ainda têm uma amizade de 10, 12, 15 anos eu digo a vocês, valorizem, todos os dias, pois isso que vocês cresceram, passaram por mudanças, atravessaram barreiras e continuaram ao lado do outro, apesar de qualquer diferença ou até mesmo coincidência. Isto é o que chamamos de um laço forte e verdadeiro.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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