O último dia de setembro marca o mês inteiro. Dia 30 lembra São Jerônimo, o esforçado tradutor da Bíblia. Em sua homenagem setembro leva a fama de ser o mês da Bíblia. São Jerônimo dedicou toda sua vida a estudar o aramaico e o grego, as línguas da Bíblia, para traduzi-la ao latim, a língua do povo em seu tempo.
Para melhor captar o significado exato da linguagem bíblica, São Jerônimo foi viver na Palestina, estabelecendo residência perto de Belém, onde veio a falecer, depois de longa e benemérita vida, dedicada toda ela a serviço da Bíblia.
Faz poucos dias que recordamos São Mateus, um dos quatro evangelistas. A propósito dos quatro evangelhos, fomos nos dando conta do alcance especial que possui este fato singular, de termos quatro versões do mesmo Evangelho de Jesus, e termos mais de setenta livros que registram a interação de Deus na história da humanidade.
Pois na verdade, se trata disto. A Bíblia é plural, consta de mais de setenta livros, cuja diversidade tenta expressar a multiforme presença de Deus na pluralidade de situações que compõem a trama da vida humana.
Na Bíblia existe de tudo, desde guerras até poemas de amor. Tudo para dizer que qualquer situação humana nos coloca ao alcance da graça divina, cuja presença precisamos perceber.
A Bíblia registra o esforço de Deus de se fazer entender, sua “condescendência” em vir ao encontro da humanidade.
Traduzir a Bíblia, como fez São Jerônimo, não consiste só em colocá-la na linguagem de hoje. É sobretudo indicar a maneira atual como Deus continua nos falando, a partir de como ele já falou pelos livros que sua providência garantiu que ficassem por escrito, como testemunhas de sua disposição de nos comunicar seus mistérios de amor. Se nos damos conta de como ele falou, entenderemos como ele continua nos falando.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.