1 de setembro de 2016
desde que se olhou inteiro num espelho
teve a certeza – nascera de sapatilhas
mas em seu corpo não cabiam expectativas
passou a vida moldando os glúteos
forjando o feminino nos gestos e na cintura
preparando-se para a morte do cisne negro
durante anos rodopiou seus olhares
em meninas e tutus e seus graciosos pliés
escrevendo o futuro com as pontas dos pés
mas seu sonhado passaporte para o palco
foi trocado por calls, ponte aérea e armanis
– o custo da família na zona sul da cidade
um dia se cansou
bailarina em seu salto mortal
entregou-se
:
toda sua vida
fora apenas esperança de um grand jeté
Obs: Imagem enviada pela autora – grand jete-ballet black and white
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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