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O dia da pátria neste meio de semana, continuou cultuando as forças armadas e demais militares, como prioridade da ordem e do progresso. Enquanto que os estudantes marcharam em segundo lugar. Isso continua repetindo a doutrina da ditadura militar, que afirmava serem os valores máximos, Deus, Pátria e Forças armadas.
No entanto, os tempos deveriam ser outros. A Pátria está enferma. Nas ruas de muitas cidades, inclusive de Santarém, ecoava o grito – Fora Temer. Por que essa rejeição ao atual presidente? Nem no grande encontro dos 20 países mais ricos do planeta, ele foi mencionado pelo nome. A Pátria está doente por falta de democracia. Direitos dos pobres e dos trabalhadores estão sendo violentados.
Chegando aqui mais próximo, se percebe o ceticismo dos eleitores em geral. Outubro está chegando e votar em quem? Candidatos são dezenas para vereadores e prefeitos nos vários municípios da região Oeste do Pará.
A Rádio Rural colocou sexta feira na mesa, quatro candidatos e uma candidata ao cargo de prefeito de Santarém. Quem se ligou teve oportunidade de ouvir várias perguntas que buscaram colocar os e a candidata diante do eleitorado. Durante duas horas eles e ela tentaram dizer que seu projeto de governo era o melhor. Cada um/a achando que fará um governo para o povo, com o povo e pelo povo. O duro foi para muitos eleitores/as, sentir quem mesmo dizia coisas que poderá cumprir se eleito/a. Ao final da mesa redonda ficou aquela sensação de dúvida – qual deles falou o que pode cumprir? Quem revelou melhor capacidade de ajudar a vida da maioria dos 370 mil santarenos/as a ter uma vida melhor?
Como não se tem uma bola de cristal para saber quem deles merecerá o voto, é preciso pesquisar e analisar antes do dia 02 de outubro. Ao menos três pistas devem ser seguidas nessa busca:
Primeiro – O critério da honestidade em seu passado, especialmente na presença e relações com a coletividade onde viveu os últimos quatro anos. Tem sido honesto em suas atitudes e compromissos sociais? Um exemplo, diante do projeto portos da EMBRAPS dentro da APA Maicá , quando foi que ele ou ela tomou posição contra aquele desastre social e ambiental?
Segundo – Competência administrativa para assumir os compromissos de gerir os projetos, prioridades e orçamento municipal a benefício das urgências das populações rurais e urbana. Quem não cumpriu corretamente sua função social na coletividade dentro de sua profissão, como vai administrar o município a bem da maioria?
Terceiro – carisma político, que é diferente de demagogia. É empatia que desperta real confiança nos e nas eleitoras. Não basta boa apresentação na campanha, muitas promessas, mas gerar convicção no eleitorado que ali está alguém que respeita, escuta e trabalha com o coletivo e não apenas faz do município sua propriedade. Diante de tantos gestores anteriores que já enganaram a população, não está fácil hoje candidato revelar esse carisma e honestidade. Fazer promessas mirabolantes, prometer o céu e amor, já não convence muita gente. Como diz o ditado – a estrada do inferno está asfaltada de boas intenções.
No programa de sexta feira na Rádio Rural correu esse risco para alguns candidatos. Uma questão séria que não foi bem abordada é sobre o abastecimento de água na cidade. Como cada candidato pensa resolver o contrato irresponsavelmente renovado com a COSANPA falida no governo anterior e continuado pelo atual mandato. Esta poderá ser uma questão exigente aos candidatos/a, explicar como e com que mudarão essa chaga da população.
Por fim, até o dia das eleições vale mais um ponto de verificação tanto para candidatos a prefeito, como para vereador. Verificar quais são seus aliados, pois diz outro ditado: “me diz com quem andas e direi quem tu és”. Isso vale também para os outros municípios da região. Levando a sério esses pontos de análise será possível se votar com mais certeza.
Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.