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– Deixa de ser besta, homem!

Finalmente ouvi a voz de Deus.
Olhei para o alto e respondi: Senhor,
foi preciso esperar cinquenta anos?
Agora o rio abaixo não se navega
e eu gostava mais da outra margem.

Ele riu, ou fez outro barulho igual,
quem sou eu para conhecer os desígnios do Senhor?

– Não foi contigo que falei, filho.

Persignei-me, a vergonha atingiu meu rosto
pensei em cobrir-me de cinza e pó
mas busquei coragens e pedi perdão: Senhor,
não sou digno de que entreis em meus ouvidos,
mas dizei uma palavra e ouvirei.

Depois, foi o silêncio dos abismos
e no rio abaixo a calmaria.

Obs: Texto retirado do livro do autor – É Lenta a Palavra Tempo –