Lc 12,32-48
Desde o Advento que Lucas nos tem tomado pela mão e nos colocado no “Caminho” de Jesus, a caminho com Jesus, no caminho que é JESUS! E é um caminho de “felicidade” …
As Bem-Aventuranças de Jesus, hoje, são para os que não se sentem mal, não se deprimem por serem poucos neste Caminho… É o Caminho dos santos e justos que, desde sempre, assumiram a aventura da FÉ, tão elogiada no Livro da Sabedoria e na Carta aos Hebreus…
O caminho do desprendimento e da prontidão, dos que sabem onde está o seu tesouro e colocam todo o seu coração no Reino sonhado e buscado. “Felizes”, na boca de Jesus, era a palavra que ele tinha para dar os “parabéns” aos que estão permanentemente em vigilância, e não perdem oportunidade de assumir responsável, generosa e prazerosamente os serviços todos que a cada um, a cada uma, são confiados pela História e por Deus, os cuidados para com os demais, lá onde a vida nos coloca: família, trabalho profissional, comunidade humana, comunidade eclesial, movimentos sociais, pastorais etc., no contexto de um planeta ameaçado e pedindo socorro.
Sem esquecer “a todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido”, acolhendo serenamente, “da mesma forma, bens e perigos, já antecipadamente entoando os hinos de seus pais” e mães na fé, “sem perder a ternura jamais”!
O testemunho de Papa Francisco nos ilustra e nos aponta este caminho.
A “Tocha Olímpica” que, depois de percorrer todo o país, chega, agora, à Vila Olímpica, nos estaria indicando esse caminho? … Sendo o esporte olímpico essencialmente “competitivo”, nos inspirará na construção de um mundo solidário e em paz? … Onde tão poucos serão os “ganhadores” e tantos os “perdedores”, haverá a alegria do Reino? Quem nos acenderá a tocha da SOLIDARIEDADE? …
- Do Conflito e do Discernimento
Lc 12, 49-57
Muita gente, na trajetória da Igreja e no processo de evangelização, passa pelas páginas da Bíblia, especialmente as dos Evangelhos, e parece fazer de conta que não vê certas passagens tão contundentes, a soarem tão “contraditórias”…
Preferiria, quem sabe, que elas não tivessem sido escritas… Em nome de uma “paz”, que, com certeza, não é aquela que Jesus que dar-nos…
Em nome de uma concórdia ou tranqüilidade que nada têm a ver com “Reino de Deus”, que “é justiça e paz e alegria no Espírito Santo” (Rm14,17)… Jesus nos quer “prudentes como as serpentes” (Mt 10,16)… capazes de entender “o tempo”, interpretar seus sinais, analisar as conjunturas, sem “engolir gato por lebre”… capazes de identificar os desafios e assumir posturas de quem tem a cabeça erguida, sabe o que quer e, fiel no seguimento do Mestre, rechaça qualquer conivência com a injustiça, qualquer cumplicidade com o erro e os que o promovem, sejam eles quem forem.
E isso pode acontecer em família, como em qualquer outro ambiente, inclusive de “igreja”.
Só assim nossas celebrações e nosso canto serão expressão de nossa firmeza e fidelidade, e inspiração para nossa busca de mais coerência e fidelidade.
Jamais, acalanto para nossa acomodação ou hipocrisia.
Quem ler a “Nota da Comissão Brasileira de Justiça e Paz sobre o Momento Atual” desta terça-feira, 09/08, vai encontrar uma ótima ajuda para entender o que se passa no país e o que Deus quer de nós.
Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS