Romulo Reflexões linguisticas

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Texto 01:

Não muito tempo, o ensino da matéria de língua portuguesa estava engessado na gramática. Creio que, só depois que o professor passou a se perguntar a finalidade do estudo desta matéria para falantes nativos, é que o ensino de língua deu um grande passo. Isso graças à linguistica, que nos fez perceber que o nosso idioma não está presente somente em nosso território nacional. E se a nossa língua transita em terras do além-mar, temos então um português brasileiro. Marcado por características regionais, que nem de longe formam uma língua homogênea. Temos um mar de variações linguisticas. Variações estas cada vez mais próximas da sala de aula. Entrelaçando mais e mais no ensino de português. Rompendo o gesso da gramática normativa.

A mudança é tamanha que hoje não basta somente à decodificação da palavra, é preciso “letrar” por meio de um ensino que aceite as diversas variações.

Tais mudanças não são unanimes. Há quem prefira que a gramática normativa reine soberana em sala de aula. Já outros, até se agradem dos conceitos linguísticos. E outros ainda, adotem um ensino de língua por meio de análise linguistica. E você?

Texto 02:

Nós fala “errado” porque nós quer. Será?

O nosso português atual não parece ser a realização espontânea de cada falante, mas o resultado do multilinguismo que nos formou. Herdamos desde termos da culinária africana (vatapá, feijoada…) a expressões atuais oriundas da terra do Tio San: Ex May Love, se botar teu amor na vitrine, ele nem vai valer R$1,99. Passamos por várias “torres de babel”, em que a heterogeneidade linguística não foi o fim, e sim o começo: o português que conhecemos. Isso nos fez diferentes de nossos irmãos lusitanos: nas variações linguisticas, no sistema fonológico, e até mesmo na significação das palavras. Um amazonas de variações (diacrônica, diatópica, mercado de trabalho, grupo social). Lembro-me de um balneário em alter-do-chão, que no início chamava-se “vamos em boa hora”depois “vambora”, “embora” até se chamar “boralá”. Ou ainda, quem de vós pegou uma “bicha” hoje? Mas não basta só sabermos o processo. É preciso tornar útil o conhecimento. E a grande questão hoje é se há a possibilidade de casamento entre a gramática e a linguística. Ou se o divórcio é eminente. Muitos torcem pela relação matrimonial. Outros nem querem que o namoro comece. O fato é: só a gramática não é capaz de formar escritores/leitores competentes. A fórmula até parece óbvia: só se aprende a ler, lendo. Só se aprende a escrever escrevendo. Antes da ortografia vem o pensamento, o encadeamento das ideias, a organização do texto ainda inédito. Aí nos perguntamos: é possível essa nova concepção de ensino de língua? O que é melhor: saber o “certo”, mas falar errado porque nós quer? Saber o “certo e o errado” e usar o que acharmos melhor?

Obs: O autor é poeta e fotógrafo amador. Trabalha na UFOPA / campus de Óbidos.
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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