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Por mais que doa admitir, o certo é que vivemos num país de excluídos, de despossuídos. Nossos representantes legais, em quem votamos para que trabalhem pela nação, nos traem na maior cara dura, embolsando dinheiro público, empregando parentes e amigos e gastando como se fossem milionários. E a maioria deles saiu do mesmo patamar em que nos encontramos, ou seja, numa espécie de limbo entre a base da pirâmide social e seu segundo degrau. Esses salafrários (com raríssimas excessões) apenas se (pré)ocupam em discutir e aprovar leis que os protejam, ao invés de discutir as necessidades básicas do nosso sofrido país. E quando a corda, por acaso, acaba em torno de alguns pescoços, os demais logo se alvoroçam, criando situações em que consigam inocentar os colegas, numa roda viva de auto-proteção.

Enquanto isso, nosso representante-maior, aquele mesmo que saiu da primeira base da pirâmide, que veio para o sul num pau-de-arara, com a mãe e os irmãos, à procura de alguma condição de sobrevivência, nos trai com sua cara de santo deslocado no altar, dizendo a quem queira ouvir – e a quem não queira também – que não sabia de nada, nunca viu nada, nem foi informado de nada.

Que palhaçada é essa? Se o chefão é assim tão desinformado, que raio de poder ele pode exercer? É um verdadeiro galinheiro sem galo, onde a galinhada faz a festa, botando seus ovos nos ninhos das outras para não assumirem maternidade nenhuma! E as raposas, os gaviões e as serpentes, entram e saem à vontade, roubando os ovos, comendo as galinhas, usando e abusando da hospitalidade inocente de um galinheiro sem dono.

Esses seres torpes que se alçam aos cargos mais altos, tornando-se milionários em poucos anos, e recusando-se a deixar o poder, desconstroem o  país deixando vazios cada vez maiores e mais difíceis de um dia voltarem a ser preenchidos. E eles são eleitos por quem?

Por interesses próprios, não fazem nada no sentido de melhorar o nível de educação das nossas crianças. Desde tempos imemoráveis. Claro! Crianças semi-alfabetizadas para constarem nos indicadores internacionais como “alfabetizadas” por saberem escrever seus nomes, viram adultos semi-analfabetos, que trabalham duro (quando não saem do caminho do trabalho para outros caminhos menos salutares), viajando horas diariamente para irem e voltarem dos seus empregos onde recebem um salário-esmola. De volta a casa, já tarde, comem o que encontram pra enganar os estômagos famintos e, sabendo que no dia seguinte reiniciarão suas romarias, assistem algum programa humorístico na tv (ou novela, onde admiram e invejam os “ricos”) e vão dormir algumas horas, enquanto esperam pelo novo dia de luta. Essas pessoas, em sua maioria, não têm acesso a jornais e revistas. Não podem comprá-los, além de não saberem ler direito e muito menos terem tido alguma vez na vida, algum tipo de intimidade com as palavras impressas. A maioria nunca leu um livro! Assim como o nosso apedeuta-mor que recentemente declarou em público, alto e bom som que “é muito chato ler”. Os jornais apresentados pelas tvs, não os interessam, pois encontram-se cansados, desesperançados, angustiados e preferem mesmo matar o tempo com as novelas ou humorísticos baratos, antes de dormirem um pouco, mais pra esquecer a dureza da vida do que pra descansar.(04.05.06)

Obs: Continua…

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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