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Não há dúvida que vivemos momentos delicados para a democracia brasileira.

Crescem as preocupações com a crise econômica. Aumenta o risco da inflação. E vão tomando forma conflitos de interesses, que fazem emergir tensões na sociedade, difíceis de equacionar, e com alto risco de alastramento incontrolável.

O sintoma mais evidente vem sendo o movimento dos caminhoneiros, que bloquearam as principais estradas do país. Expressam com firmeza as dificuldades em que se encontram, e reivindicam soluções adequadas.

Os caminhoneiros estão muito conscientes da importância de sua categoria, e o povo sempre soube reconhecer esta importância. Ao mesmo tempo, é indispensável reconhecer também sua responsabilidade social.

Pelo que tudo indica, os caminhoneiros já estão liberando as estradas, com a garantia de que em diálogo com o governo suas reivindicações sejam atendidas, dentro das limitações que a crise econômica vai impondo a todos.

Mas a gravidade da situação por que passa hoje o Brasil é claramente atestada por duas iniciativas convergentes, em forma de manifesto sobre a situação atual.

A primeira destas manifestações vem assinada por duas instituições de indiscutível influência sobre a sociedade brasileira, como é a CNBB e a OAB.

Esta manifestação se apresenta em forma de “manifesto em defesa da democracia”. O título não deixa dúvidas. Diz o texto que “as duas instituições se sentem no dever de vir a público expressar … a convicção de que acima das divergências políticas, naturais numa República, estão a ordem constitucional e a normalidade democrática.”

A segunda dessas “manifestações”, fruto da iniciativa de cidadãos, que vem merecendo novas adesões,  por seu título já indica o seu conteúdo: “O que está em jogo agora!”.

Ela vai direto à preocupação que a motivou:

“A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou  um processo político que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.”

Esta manifestação alerta para a importância da Petrobras, “âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial”.

Desmascara a  tentativa de setores da sociedade de estimularem o desgaste do governo legitimamente eleito, “com vistas a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito”

A manifestação termina conclamando “as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras”.

A CNBB e a OAB, no seu manifesto, também “…conclamam o povo brasileiro a acompanhar ativamente a tramitação, no Congresso Nacional, das proposições que tratam da Reforma Política e a manter-se vigilante e atento aos acontecimentos políticos atuais para que não ocorra nenhum retrocesso em nossa Democracia, tão arduamente conquistada.”

Quando o alerta é insistente, o perigo é iminente.  Superado o impasse do bloqueio nas estradas, que se abra caminho para a ordem democrática. Ela é  parâmetro indispensável da participação política em nosso país.(27.02.15)

Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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