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(Breve Introdução ao Anglicanismo)

No fim de semana de 15 a 17 de Abril estive em Brasília a convite de Dom Maurício Andrade, para assessorar um dia de reflexão no Centro Anglicano de Teologia (CANT), sobre o tema “Espiritualidade Anglicana”. Após a leitura pessoal deste texto, tivemos uma bela roda de conversa com a participação de todas as pessoas. No domingo do Bom Pastor, tive a honra de pregar na  celebração eucarística da Catedral.

Testemunho pessoal

De minha parte, a adesão ao Anglicanismo em 1993, foi o resultado de uma busca espiritual e também teológica e institucional – busca de espaço em que prevalecesse o Espírito e, por isso, a liberdade e o respeito às pessoas; em que a Igreja tivesse a forma que a caracterizara na Idade Patrística, quando o papado ainda não se tinha consolidado na forma centralizada em que o temos conhecido; com efeito, no primeiro milênio da Cristandade havia o esforço consciente de combinar totalidade católica e Igreja local, unidade e diversidade, portanto, e, assim, se pudesse articular o que Paulo Tillich caracterizou como “substância católica e princípio protestante”; em que a instituição se restringisse a seu papel de pôr a Lei e a disciplina coletiva a serviço da comunhão e da missão. Achei o Anglicanismo, que, na verdade, não conhecia (uma vergonha para alguém que já era teólogo de profissão), e nele reconheci a forma mais ampla e mais aberta de Catolicismo na Igreja do Ocidente.

Introdução

Ao refletir sobre espiritualidade, é bom ter em conta que nada tem a ver com “espiritualismo”. A partir da herança bíblica, sabemos que no ser humano não há dualismo entre matéria e espírito, mas uma realidade unitária com duas dimensões, uma, material, outra, espiritual. Dualidade, sim, dualismo, não.  Como costumava dizer o filósofo cristão existencialista francês Gabriel Marcel, somos “espírito encarnado”. Tudo em nós é, ao mesmo tempo, material e espiritual. O que chamamos de alma é, na verdade, a consciência que se difunde em todo o nosso corpo. Quando a Bíblia fala de “corpo” (“soma”, em grego) refere-se à capacidade de  mantermos relações concretas e quotidianas com as pessoas e o universo material; quando fala de “psyché” (em hebraico, “nephex”) comumente traduzido por “alma”, não equivale ao conceito helênico de “alma”, mas à garganta, “respiração”, algo muito ligado ao sentir e que facilmente pode ser traduzido simplesmente por “vida”, pois é o respirar que nos mantém em vida; ao falar de “carne” (“basar” em hebraico, “sarx”, em grego), não se refere simplesmente ao corpo material, mas à condição de fragilidade do ser humano, sua debilidade, limitação, contingência (diriam os filósofos), inclinação para afastar-se da vontade de Deus, tendência à “morte”, de modo nenhum “carne” equivale a sexo; quando fala de “espírito”, (“ruh” em hebraico, “pnéuma”, em grego) refere-se ao sopro divino que nos eleva e faz semelhantes a Deus, é a energia divina que nos potencia. Trata-se sempre do ser humano total, visto a partir de uma de suas dimensões.

Por isso, “espiritualidade” tem a ver com “espírito”, sopro, inspiração. Trata-se “de que espírito somos”, qual o sopro que nos impele em nossa prática de vida, quais os valores que nos guiam no caminho e que se revelam em nosso jeito de viver. Ser “espiritual” não é supervalorizar “as coisas do espírito” e desprezar a matéria. Em toda a vida, que é sempre a de um “espírito feito carne”, ou deixamo-nos guiar pelo amor, pela abertura a outrem, isto é, pela “obediência” (“ob-audire”) que quer dizer voltar o ouvido para escutar as necessidades alheias e respondê-las mediante o serviço; ou nossos valores de vida estão centrados narcisisticamente em nós mesmos(as), egoisticamente, como se fôssemos o centro do mundo.

Na mentalidade helênica o que há de mais importante é o “conceito” das coisas, a ideia que a inteligência abstrai da realidade concreta. Herdamos essa mentalidade. Interessamo-nos mais pelos conceitos das coisas do que pelas próprias coisas. O resultado é a distância abissal entre a ciência e a técnica que a aplica e a realidade das pessoas. Já pensamos em viagens interestelares quando junto a nós, bem perto, ainda há gente que não tem comida para sobreviver, ou seja, ainda não tem garantia de direito de animal.  No final das contas, “espiritual” em nossa cultura, frequentemente, equivale a “individual”, apartado da coletividade, pois o que cria vínculos reais entre nós são as relações materiais. É sempre mediante o corpo que nossos espíritos se comunicam. Por isso os poderosos costumam dizer que a Igreja nada tem a ver com os problemas concretos da sociedade, deve cuidar só do “espiritual”. Que querem efetivamente dizer? Que a Igreja não se deve meter nas realidades concretas, materiais da vida coletiva, apenas deve interessar-se de tratar com indivíduos separados da coletividade. É curioso que as duas realidades mais “espirituais” na vida humana sejam sexo e dinheiro, justamente o que é mais “material”: pela relação sexual, a mais intima entre pessoas, “desnudamos” quem realmente somos, se amamos e nos entregamos ou se instrumentalizamos, aproveitamos, dominamos, nos mascaramos, mentimos; pelo modo como ganhamos e gastamos o dinheiro, revelamos nossas relações com as coisas, de partilha ou de apropriação, de honestidade ou de desonestidade, de cuidado e zelo ou de ostentação e esbanjamento, de distinção entre principal e secundário. É nosso corpo material que revela a qualidade real de nossa dimensão espiritual.

Muitas vezes, escutamos dizer: “momentos de espiritualidade”, como se houvesse momentos que não seriam de espiritualidade. Quais? A linguagem não é inocente, trata-se de uma maneira dualista de falar. Sugere-se que “momentos de espiritualidade” são os momentos de culto, de oração, de liturgia, em sínteses, “religiosos”. “Espirituais” têm de ser todos os momentos da vida, guiados por um espírito (amor) ou por outro (egoísmo). Os momentos de oração são exercícios que alimentam, cultivam e avivam o “sopro” que nos anima sempre em todos os momentos.

Espiritualidade não equivale a religião. Pessoas que se dizem  ateias podem ser intensamente espirituais, tudo depende de seus valores de vida, de sua entrega por amor, pois “Deus é amor”. Religião é sentimento espontâneo da humanidade, é suspeitar do divino presente no mundo e em nós; pode ser até ideologia de legitimação do sistema da sociedade. O critério de sua autenticidade, entretanto, é o amor. Há pessoas que rezam ou oram muito, mas não têm em sua prática de vida os critérios de Deus. Para a Bíblia, a linha divisória passa entre adesão ao Deus vivo e idolatria, abertura ao amor que leva à liberdade e se concretiza no serviço ou fechamento em si mesmo(a). A maturidade no caminhar da vida equivale a chegar a ser pessoa autônoma, pessoa que tem o centro em si mesma, é livre (cf. Gl 5). Para isso, porém, paradoxalmente, é preciso que já sejamos além de nós. Ora, ser além de si só se dá no amor, por isso o amor nos joga na direção da transcendência, de ultrapassar a nós mesmos(as), o que significa estar em Deus (cf. 1Jo 3-4). O outro caminho, da idolatria, nos faz ser para nós, nos aparta das pessoas e do mundo, nos fecha e, assim, nos empobrece, é um caminho de morte no qual eliminamos a outrem e, desse modo, nos “matamos” a nós mesmos(as). Aí está a raiz mais profunda da inimizade, do ódio e da violência.

DEZ PONTOS PARA UMA APRESENTAÇÃO DIDÁTICA

  1. O Anglicanismo, nós o sabemos bem, não tem doutrinas próprias, é simplesmente herdeiro da tradição católica antiga, proclamada pelos grandes concílios ecumênicos e compendiada suficientemente nos Credos. Também não é um sistema moral ou de preceitos e leis que se imponham sobre o comportamento humano. O mais típico do Anglicanismo é ser uma espiritualidade, um caminho vida segundo o Espírito, o qual nos deve levar, na liberdade, a assimilar a mente de Cristo, impor-nos a disciplina de Cristo até chegar ao que dizia o Apóstolo: “trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gl 6, 17). São valores que impulsionam, “sopram” e inspiram nossa prática de vida. Anglicanismo é, antes de tudo, caminho espiritual, uma maneira de sentir, de pensar e de agir, em suma, uma maneira de viver, um jeito de ser. Por isso, não costumamos falar de “doutrina”, mas de “ethos anglicano”, maneira de ser.

Daí, ser uma Igreja consciente de que se faz ao longo de sua própria história, ou seja, não há aquela mentalidade “dogmática” que leva a pensar, ou melhor, a imaginar (pois todas as comunidades humanas se fazem ao longo da história) que as doutrinas e as formas institucionais surgiram diretamente da cabeça de Jesus e dos Apóstolos. Enquanto anglicanos(as), facilmente podemos aceitar a afirmação de que a Igreja surgiu a partir do “Movimento de Jesus”, a saber, a partir de sua existência histórica e missão profética, mas como organização não foi fundada por Ele, mas pela geração dos Apóstolos, discípulos e discípulas de Jesus, em base ao “fracasso” da cruz e à experiência da ressurreição. Como vemos em Atos dos Apóstolos e nas Epístolas, ela teve de inventar-se na história. Jesus é e será sempre a “rocha”, como diz o Apóstolo Paulo, mas não seu “fundador”, no sentido sociológico e jurídico. Isto não quer dizer que não tenha pontos de referência doutrinais, que são justamente o que se declara nas Escrituras, devidamente interpretadas, e na clássica doutrina cristã formulada nos Concílio Ecumênicos da Igreja dos primeiros séculos: Trindade, Encarnação, Soteriologia, Antropologia daí decorrente e Escatologia. Ou seja, uma história cujo rumo se delineia a partir da Tradição que se “canoniza” nas Escrituras (tradição constitutiva da Revelação) e da Tradição que se desenvolve como interpretação e vivência ao longo da história (tradição interpretativa da Revelação) e cujo pivô é o “sensus fidelium”, o consenso dos fiéis, o sentir unânime do povo de Deus..

2. Uma Igreja que se compreende na perspectiva da PRAXIS, em que prática e teoria se interpenetram. Com efeito, as Escrituras são o testemunho clássico da Palavra de Deus. Mas não devemos compreender o termo “palavra” no horizonte de nossa cultura ocidental, herdada da cultura helênica, na qual equivale a “conceito” ou “discurso”. DABAR (em hebraico) não é simplesmente “LOGOS” (discurso, conceito, raciocínio). Por isso, Amós “vê as palavras” ( Am 1, 1), ou seja, os acontecimentos; diz-se que “a Palavra de YHWH veio pela mão de Ageu”, pela intervenção do profeta. O próprio quarto evangelho, que adotou o termo “lógos”, o corrige continuamente ao deixar bem claro que a Palavra de Deus “se fez carne” e tem da Verdade uma concepção que em nada corresponde ao horizonte do pensamento grego: “A verdade é para ser feita” (cf. Jo 3, 19-21), só “quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus” (Jo 3, 21), a saber, chegar à luz da verdade depende das obras, do terreno concreto, “material” no qual se está (cf. Mc 4, 1-20) . De fato, a melhor tradução do termo hebraico “dabar” foi cunhada pelo judeu Carlos Marx com o conceito de “práxis”. O pensamento e o discurso ainda não são “palavra”, pois o conceito ainda não “diz” plenamente a realidade: pensar e dizer (teoria) é processo de elaboração da ação (prática), pois a realidade não está aí para ser simplesmente contemplada como se já fosse una, verdadeira, boa e bela (as características do Ser), mas para ser transformadapela ação humana (na língua hebraica “bom” e “belo” são a mesma palavra). É verdade que, na Bíblia, a criação de Deus é boa e bela, mas está ferida pelo pecado e necessita de ser redimida. Não basta perguntar se nosso pensamento corresponde à realidade, o que constitui o “juízo”, segundo os gregos; é preciso ainda perguntar se a realidade, como está, corresponde à Palavra criadora de Deus em Seu desígnio de “vida em abundância”. É isto o que determina a função da profecia, denunciar a inadequação da realidade histórica e anunciar e convocar a sua transformação. No Anglicanismo, a prática da COMUNHÃO e da MISSÃO precede em importância a formulação adequada e “correta” da verdade teórica e da lei. A busca profunda do Anglicanismo é ser Igreja do Espírito, por isso da Ação, Igreja do Carisma e por isso fazendo da Lei apenas pedagoga para Cristo, na medida em que se faz necessária por causa de nossa imaturidade, conforme a concepção da Carta aos Gálatas. Anglicanismo é consciência de que não somos nós a possuir a Verdade, mas é a Verdade que nos possui – “A Verdade vos libertará”, é o lema da Comunhão Anglicana, e essa Verdade se compreende no horizonte da “práxis” histórica do Amor que em Deus tem sua fonte e se derrama em nós e através de nós;

3. Por isso, é possível compreender que o antigo princípio católico “lex orandi, lex credendi” esteja no centro da espiritualidade anglicana. Ou seja, manifesta-se nossa maneira de crer, nossa fé, na maneira como FAZEMOS a ação litúrgica, o “opus (obra) Dei”. A expressão da fé não é simples formulação “teórica” da Verdade revelada e de nossa aceitação dessa. É pela ação litúrgica, pelo exercício prático, gestual de celebrar a glória de Deus que se revela nosso “obsequium rationis” (obséquio, submissão da razão) que é próprio do ato de fé. Pela liturgia manifestamos o que somos, o que e como a Igreja de fato vive. Por ela mostramos ao mundo a beleza de nossa vida e, ao mesmo tempo, nos desmascaramos ao deixar transparecer o que somos em nossas relações mútuas, em nossa relação com o mundo e em nossa ideologia. No culto se revela a “estrutura” da Igreja: comunitária ou “hierárquica” e clerical, voltada para si mesma ou para Deus, fechada em si ou aberta a servir o mundo, comprometida com a vida e os problemas do povo ou alienada, Igreja de ricos ou “Igreja dos Pobres”… Além disso, não devemos esquecer, porém, que a liturgia só tem sentido para nós enquanto a forma religiosa, ritual, “sacramental”, de fazer “memória” de ações históricas de salvação (transformação) acontecidas na história e de “profetizar” novas ações salvíficas, mediante nosso testemunho em favor da vida do mundo. Assim, por exemplo, Santo Tomás de Aquino, na Idade Média, compreendia os sacramentos, como memória (da história da salvação, com seu centro na vida e obra de Jesus) e profecia de nossa vida em Cristo. A “realidade” e “verdade” da liturgia tem tudo a ver com a prática exercida historicamente por Jesus, por isso foi condenado à morte pelos poderes deste mundo – “sistema” – de trevas (cf. 1Cor 1-4), e com a prática de nossos pais e mães na fé, desde Abraão e Sara e Agar; e tem tudo a ver, necessariamente, com nossa ação no hoje da vida. Em nossa oração se manifesta nosso ser e com que estamos comprometidos(as) na obra de redenção do mundo. Tanto a prática do amor, como o culto são designados pelo mesmo termo, “serviço” (“serviço litúrgico”). Por isso, o dito clássico, “lex orandi, lex credendi”, se completa quando o percebemos em sua relação com a prática, ou seja, como “práxis”: “lex agendi, lex orandi, lex credendi” (a lei de agir é lei de orar e lei de crer), pois “crer é orar e orar é servir”;

4. Uma Igreja que pretende viver a comunhão enquanto “autoridade dispersa” e compartilhada, não havendo nenhuma instância, quer pessoal, quer institucional, que concentre a autoridade (cf. Hooker), sendo a Bíblia a referência suprema, essa porém interpretada na circularidade hermenêutica com a Tradição (a herança viva da comunidade cristã na história), a Razão, mediante a qual nos chegam os desafios da realidade do mundo e da sociedade humana, assim como a contribuição da pesquisa e reflexão, tanto teológica, quanto secular, a contribuição das ciências, por exemplo; a Experiência de vida das pessoas e dos grupos humanos, quer no interior da Igreja, quer em outros ambientes da sociedade. Sem dúvida, a autoridade das Escrituras é a referência suprema, mas não devemos esquecer que a leitura da Bíblia é sempre, necessariamente, “releitura”, ou seja “processo hermenêutico”, pois o sujeito da leitura  interage com o texto  necessariamente a partir de sua própria circunstância histórica, sua imagem do mundo é chamada a dialogar ou a conflitar-se com a imagem projetada pelo texto, de tal modo que, assim como o autor produz o texto em sua própria “leitura” do mundo e de outros textos, o que quer dizer que é sempre também leitor, assim o leitor é também ele, de algum modo, autor, pois sua leitura nunca é em pura passiva recepção, de modo que o ato de ler é sempre produtor de novo “texto”. Esse processo já se dá dentro da própria Bíblia, a qual se vai constituindo a partir de sucessivas releituras de textos anteriores, que se “abrem” ou se “fecham” dependendo da experiência de quem os lê, reinterpreta e redige em diferentes épocas e situações. Baste conferir no texto da caminhada de Emaús (cf. Lc 24) e na 2Cor 3, onde o Apóstolo nos apresenta sua “teoria” hermenêutica, relacionando a vida e o texto e deixando claro que é a vida que possibilita ao texto falar hoje com plena atualidade, e para isso invoca a liberdade do Espírito, rompendo com a escravidão da letra: “A letra mata, é o Espírito que dá vida”. Por isso, a atitude anglicana em face da Bíblia tem de ter a marca do diálogo da vida com o próprio texto e com as suas diversas leituras, na história passada e contemporânea, o que exclui qualquer dogmatismo ou fundamentalismo, pois o “fundamento” para a formulação da fé cristã na história é o “consenso dos fiéis” (“sensus fidelium”), que se elabora paciente e “laboriosamente”, não isento de tensões ao longo do tempo, sempre sob a discreta luz do Espírito Santo, assim o cremos;

5. Para fomentar, apoiar e garantir esse processo de formação do “sensus fidelium”, não estamos à deriva de um desencontrado espontaneísmo, mas contamos com o dom que toma forma no Ministério da Unidade eclesial que, em nosso caso, funciona através de quatro “instrumentos de unidade”, três deles em nível episcopal, já que ao o episcopado foi confiado particularmente o encargo de ajudar a Igreja toda a manter-se fiel e “assídua ao ensinamento dos Apóstolos” (cf. At 2, 42): o Arcebispo de Cantuária, com quem todas as Igrejas particulares (dioceses e províncias) têm de estar em comunhão; a Conferência de Lambeth, na qual o conjunto do Anglicanismo mundial se faz representar, particularmente por todos os seus bispos e bispas; o Conselho Consultivo Anglicano, espécie de parlamento intereclesial onde se assentam as três “ordens” da Igreja, episcopado, clero, laicato, como representantes de suas províncias; o Encontro de Primazes, que periodicamente acontece sob convocação do Arcebispo de Cantuária.  O Arcebispo Rowan Williams teve a ousadia de lembrar um quinto instrumento “informal”, mas efetivo e muito eficaz de unidade, a união das mulheres através de vários e diversificados meios de articulação no conjunto do Anglicanismo internacional. Hoje constatamos também o fenômeno de formação de diferentes redes  que interconectam pessoas, comunidades, Igrejas locais, províncias, instituições, dando corpo a complexa teia mediante a qual se entrelaçam os fios do tecido do Anglicanismo no mundo atual e, assim, fomentando a unidade em meio a grande diversidade geográfica, social, cultural, institucional e teológica;

6. Uma Igreja que pretende articular autonomia e interdependência em todos os níveis da vida eclesial, enquanto expressão da comunhão. Não há uma “Igreja” anglicana, mas a Comunhão Anglicana, comunhão de Igrejas autônomas que se unem por “vínculos de afeição e lealdade” e compartilham uma herança comum de jeito de ser e de orar, daí a importância de reunir-se em torno do Livro de Oração Comum, padrão de comunhão universal, mesmo que em cada Igreja local tenha suas marcas peculiares. O Livro de Oração é como a “carta de identidade” do Anglicanismo, expressão de sua unidade, padrão da Liturgia e guia e alimento da espiritualidade, tanto comunitária quanto pessoal, além de ser a fonte de formação da mentalidade teológica ou doutrinal do povo da Igreja. A diocese é a realidade da Igreja local e como tal é plenamente “Igreja Católica” enquanto se sente em referência à totalidade da Igreja de Cristo, por isso cada diocese é a Igreja “toda”, mas não “totalmente”. A Igreja é “católica” (referida ao todo), não porque se destine a ser geograficamente universal e lugar de acolhida de todas as pessoas do   Cada Igreja local, por mais pequena que seja,  é a Igreja “católica”, isto é, “toda” a Igreja, porque nela se busca viver, se celebra e se anuncia o mistério “total” de salvação que Deus está a operar no mundo inteiro por Seu Espírito Santo (cf. a Carta aos Efésios), mas não o é “totalmente”, porque a Igreja de Cristo só se compreende em comunhão “total”, desde as pessoas até os diversos ramos denominacionais. “Comunhão” implica numa relação bem mais profunda do que aquela que se pode obter numa simples “federação” de instituições completamente autônomas: na relação de comunhão se combinam autonomia e interdependência, iniciativa própria, profética até, e atenta, amorosa e paciente escuta do conjunto tão diversificado das Igrejas. Recentemente, o Arcebispo Justino Welb alertou as Igrejas para o risco de tomar decisões,  no Ocidente, que, na África, por exemplo, podem redundar em perseguição e morte de irmãos e irmãs anglicanos, o “instinto” de comunhão leva a  atenção profunda às possíveis consequências de nossas tomadas de posição;

7. Por isso, trata-se de uma Igreja que considera essencial, em sua atitude profunda, o Ecumenismo, ou seja a relação de amor e diálogo com o que lhe é diferente. Abre diálogo em muitas frentes, com o Catolicismo Romano, com o diversificado mundo das Igrejas Ortodoxas e Orientais antigas e com o amplo leque das denominações protestantes. Tem em sua missão servir a unidade visível da Igreja, consciente de que esse foi o desejo de Jesus em sua oração sacerdotal (cf. Jo 17). Sabe em seu íntimo que a unidade do povo de Cristo é importante para construir a unidade dos povos e a paz, pela convicção de que a Igreja é “qual sacramento, sinal e instrumento da unidade humana”. Rowan Williams, ao analisar a crise atual do Anglicanismo, proclamou alto e solenemente, na Conferência de Lambeth 2008: “Os pobres precisam de nossa unidade”. Foi por isso que se elaborou o já clássico “Quadrilátero de Chicago-Lambeth”, plataforma básica para, através do diálogo, chegar à plena comunhão entre Igrejas que se reconheçam na mesma aceitação da autoridade suprema das Escrituras, que adotem o Credo Apostólico como “símbolo batismal” e o Credo Niceno-Constantinopolitano como “síntese suficiente da fé cristã”, que administrem os Sacramentos, sobretudo os da iniciação cristã, Batismo e Eucaristia, e concordem em reconhecer o Episcopado histórico como instituição antiga e derivada dos tempos apostólicos. Quem sabe, este último ponto mereceria renovado estudo e reflexão para que se esclareça em que sentido se toma o “ministério episcopal”: tratar-se-ia simplesmente  do “episcopado” ou da “episcopé” enquanto “ministério da supervisão” que poderia assumir formas diferentes de acordo com as várias tradições eclesiásticas? É o “episcopado” uma instituição essencial ao “ser” (“esse”) da Igreja, ou ao seu “bene esse”, enquanto ministério antiquíssimo, desde o século II d.C, e testado historicamente por seu testemunho e serviço efetivo e eficaz à unidade da Igreja?

8. Uma Igreja que compartilha a tradição doutrinal do Cristianismo e se deixa atravessar por diferentes correntes teológicas presentes na Igreja cristã. Não há propriamente “teologia anglicana” como algo próprio e exclusivo nosso. Não temos mestres de referência, como acontece em outras famílias da Cristandade: Agostinho e Tomás de Aquino, para católicos romanos, Lutero para o luteranismo, Calvino para reformados e presbiterianos e assim por diante. Nem Cranmer, nem Hooker, mesmo com toda sua grandeza, exercem essa função entre nós. O que nos reúne em família cristã  é uma base – tradição — comum: as Escrituras, os Credos, a comunhão em torno da celebração dos sacramentos, particularmente a Ceia do Senhor, de acordo com o padrão do Livro de Oração Comum, e o sentimento de compartilhar em favor do mundo a “Missão de Deus”. Professamos os mistérios da fé e buscamos nos comprometer com o Evangelho de salvação, mas não pretendemos  “multiplicar as palavras” (cf. Mt 6, 7) na tentativa de “explicar” o que, antes de tudo, deve ser objeto de nossa adoração e obediência. Cada membro da Igreja tem suficiente liberdade para adotar a corrente teológica que lhe pareça mais adequada, desde que não contradiga as Escrituras e nem os fundamentos do “ethos” anglicano. Uma teologia de corte fundamentalista, por exemplo, ouantiecumênica, ou que  compreenda a fé cristã como “fuga do mundo”, ou que tenha seu foco na “prosperidade”, que é negação da cruz de Cristo… teologias desse quilate são, por princípio, a negação do Anglicanismo  (cf. 2Cor 11, 3-6). Vale para nós o que dizia o sábio Santo Agostinho: “No essencial, unidade; em coisas secundárias, liberdade; em tudo caridade”. E o grande papa João XXIII, ao citar esse princípio, acrescentava: “Não saiam do amor para não saírem de Deus”;

9. Uma Igreja cuja marca de originalidade transparece particularmente em sua ESPIRITUALIDADE, com ênfase na Comunhão trinitária (inúmeras catedrais e igrejas têm a Trindade como patrona), na Encarnação e na ação do Espírito Santo, capaz de nos vincular entre nós muito mais fortemente que a Lei. Daí é que decorrem os aspectos próprios da ECLESIOLOGIA que, para nós, não deve ser nunca o discurso do poder eclesiástico (não se pode esquecer que a “eclesiologia” como ramo específico da Teologia tem seu contexto de origem no auge do poder eclesiástico medieval, enquanto justificativa ideológica desse mesmo poder, tanto assim que foi o Direito Canônico que deu origem ao tratado de Eclesiologia), mas da “communio fidelium”: Igrejas locais/particulares (dioceses) em comunhão, comunhão que se faz palpável na comunidade, isto é, entre as pessoas, e no “companheirismo em missão” entre as Igrejas, até para além do Anglicanismo e sempre em favor da transformação da sociedade. Não se pretende conviver com estruturas centralizadoras e nem se deseja cultivar o “império da lei”. O chamado é para fortalecer os vínculos de comunhão, sobretudo a partir da práxis, entendida como práxis da santidade e da missão;
10. Finalmente, tudo isto poderia ser sintetizado em dois pontos:
11. Os princípios do “ethos” anglicano, ou seja, da vida ou da atitude anglicana:
12. Inclusividade/Compreensividade: acolher e “abraçar” as diferenças, deixar-se afetar por aquilo que não somos e nos pode enriquecer, só assim a “inclusão” não degenera em paralelismos desagregadores.
13. Tolerância, no sentido forte do termo, de “carregar os fardos uns dos outros”

  • Via Media, busca de equilíbrio que se esforça por estabelecer pontes entre Catolicismo (romano) e Protestantismo, vistos, não como contraditórios, mas como complementares, na perspectiva tão sábia e belamente formulada pelo luterano Paulo Tillich: “Substância católica e princípio protestante”, ou como expressa o prefácio do Livro de Oração Comum: Igreja “católica para toda a verdade de Deus e protestante contra todos os erros humanos” (cf. Prefácio do 1º Livro de Oração Brasileiro (1930) . Catolicismo amplo para abrigar em seu seio a diversidade cristã e para estar em comunhão com a diversidade da humanidade a partir da raiz que é o Espírito, o qual transborda para além do Cristianismo e das religiões, pois “enche o orbe da terra” e já pairava sobre as águas desde o princípio sobre a Criação (cf. Gn 1, 1-2);
  1. Autoridade dispersa e compartilhada, cujo fundamento é o “sensus fidelium” que se elabora lentamente mediante a circularidade do processo hermenêutico que envolve a leitura das Escrituras, o zelo pela Tradição, o respeito à Razão e a atenção à Experiência quotidiana das pessoas e das coletividades, na Igreja e na sociedade;
  2. Ecumenismo amplo, a partir do reconhecimento do direito de todos os seres humanos a “habitar” o planeta como casa comum (“Ecu-menismo”: permanecer na casa). Nessa perspectiva, todo o povo cristão é chamado a fortalecer cada vez mais os laços no rumo da unidade visível, intensificando relações fraternas que possibilitem conhecer –se e orar em conjunto, reunir-se em torno de tarefas comunssobretudo, missionárias e de diaconia sociopolítica, criando-se, assim, clima propício ao diálogo teológico e doutrinal em torno de eixos essenciais, como é a proposta do “Quadrilátero de Chicago-Lambeth”
  3. Autonomia e Interdependência, na comunhão, tanto no nível das relações pessoais, quanto comunitárias e eclesiais, e societárias;
  • Senso da realidade exercido como atenção constante aos “sinais dos tempos”, como nos recomenda Jesus (cf. Mt 16, 1-4; Mc 4), nos quais escutamos “o que o Espírito diz às Igrejas” (cf. Ap 2, 7. 11.17. 29)
  • Santidade na liberdade: liberdade como busca da santidade, o que equivale a liberdade vivida como sinônimo de amor; e santidade como caminho de sempre maior libertação de todas as amarras, inclusive de si mesmo. Exemplo paradigmático, disso, além de Jesus, é o testemunho de vida do Apóstolo São Paulo.
  1. As 06 Marcas da Missão
  2. ANUNCIAR as Boas-Novas que levam à conversão
  3. Batizar e EDIFICAR COMUNIDADES que se reúnam em convivência fraterna (“koinonía”), dedicadas ao serviço recíproco, em torno da Palavra de Deus, e celebrem os mistérios da redenção da vida em Cristo. Uma vez edificada, a comunidade se destina a:
  • Mediante serviços de amor, exercer a SOLIDARIEDADE com pessoas e categorias necessitadas
  1. Mediante a LUTA CONTRA AS ESTRUTURAS INJUSTAS da sociedade, desafiar a injustiça, a opressão e a violência
  2. Por zelo e CUIDADO para com a criação de Deus, proteger, preservar e renovar a vida e os recursos da terra (Eco-nomia – lei da casa; Eco-logia – lógica da casa)
  3. Tudo isso para que haja no mundo aquela situação de “Reino de Deus”, de “nova criação”, de “vida eterna” que a Bíblia chama de “xalôm”, de felicidade, ou, como dizem nossos povos aborígenes, de “bem-viver”. Para isto faz-se necessário trabalhar para construir a PAZ e garanti-la.

Na verdade, a comunidade cristã é convocação de Deus (“ekklesía”) para exercer Sua obra do mundo (cf. Ex 3, 7-12; Is 6, 8-13). Obra que acontece através do processo de Evangelização, que se dá por gestos e palavras (“práxis”) de transformação da vida das pessoas e dos povos: assim se constitui a comunidade cujo objetivo divino é exercer a Diaconia do Amor “ad intra”, pela convivência  inspirada pelo Espírito, e “ad extra”, pela solidariedade, a luta pela justiça, o cuidado misericordioso com todos os seres do universo e a luta para estabelecer e garantir a paz. Transformação que deve dar-se em todos os níveis: transformação das pessoas para a vida de comunidade e transformação das relações interpessoais (solidariedade), estruturais (justiça), internacionais (paz) e planetárias (cuidado).

Assim, a Igreja se constitui para, em nome de Deus, anunciar e praticar a salvação, e esta passa necessariamente pelo confronto com as relações vigentes na sociedade e com suas estruturas econômico-ecológicas, sociais, políticas e culturais. Por isso, tudo na Igreja é “diaconia”, serviço: diaconia do culto, diaconia do ensino, diaconia da ação sociopolítica. A última, a diaconia sociopolítica, não pode ser tida como algo acrescentado, à parte, só para algumas pessoas “que gostam do social”. Não, é a tarefa redentora da vida, na qual se faz viva a palavra de profecia e a celebração da glória de Deus.  Entre as Marcas, só duas falam para dentro da Igreja, as outras quatro chamam o povo crente a sair de si mesmo: “A única instituição que se destina a quem está fora dela” (Arcebispo William Temple). Como estamos ainda tão distantes dessa proposta que deveria marcar nossa identidade de pessoas e de povo anglicano!

É evidente que o fundamento das 06 Marcas, formuladas há anos pelo Conselho Consultivo Anglicano, é a Encarnação, que se traduz, concretamente, em “senso da realidade” de nossa vida no mundo, “senso da realidade” que, por sua vez, se traduz em Missão, isto é, sentir-nos enviados(as) a trabalhar, em nome de Deus, pela redenção do mundo, a saber, relações e estruturas com as quais estamos envolvidos(as) (cf. Rm 8). O sublime mistério da Trindade nos inspira a viver o dinamismo divino da comunhão, enquanto a Encarnação provoca a identificar-nos com o “corpo”, a “carne” do mundo, para infundir-lhe esse dinamismo de Espírito. A Igreja é “corpo”, Corpo de Cristo palpável no mundo, na medida em que assumimos em santidade o “corpo” da realidade pessoal, comunitária (eclesial), social e cósmica, mediante a abertura à ampla relação ecumênica, e à luta mediante a ação sociopolítica e a nova prática ecológica motivada pela profunda compaixão por todos os seres do universo. Vê-se, assim, como as 06 Marcas da Missão não são apenas características da missão da Igreja enquanto instituição, mas têm de ser assimiladas como marcas da espiritualidade de cada pessoa batizada e de cada comunidade.

Conclusão

  1. Anglicanismo é o nome de uma vocação estupenda, uma linda maneira de viver o Evangelho de Jesus, que nos impele até mesmo para além da Igreja porque Deus está antes e além da Igreja. Os Pais da Igreja antiga falavam de “Ecclesia ab Adam” (“Igreja desde Adão”), que coincide com a humanidade que acolhe a voz de Deus no santuário secreto da consciência (cf. Rm 1, 19-20; 2, 12-16; At 17, 22-29)
  2. Por isso, um jeito de ser Igreja, exigente e difícil, “suave fardo” (cf. Mt 11, 28-30) que só uma “elite” é capaz de suportar. Não me refiro a elite econômica ou social de classe, mas a elite “espiritual”, um povo profundo espiritualmente, instruído teologicamente, lúcido em analisar conjunturas e estruturas da sociedade, capacitado metodologicamente para atuar sobre ela… gente assim pode provir de qualquer classe social. Sem dúvida, há elite camponesa, operária e assim por diante, baste pensar no sindicalismo e em certos partidos políticos. Nesse sentido é que vemos Jesus ter uma relação distinta com a multidão e com o grupo de Seus discípulos e discípulas (cf. Mc, particularmente o capítulo 4). Na verdade, só uma “elite” de verdadeiros discípulos e discípulas é capaz de carregar a loucura do sonho e dos projetos utópicos, pois é proposta que exige passar da imaturidade à maturidade, da criancice à estatura adulta (cf. Gl 4), da moral da lei à liberdade da graça, da confiança nas obras à entrega ao mover-se do Espírito dentro e fora de nós, finalmente, “passar da morte para a vida porque nos amamos como irmãos” (1Jo 3, 14);
  3. Não é de admirar que seja tão difícil viver a vocação anglicana concretizada em nossa prática de seres carentes, pecadores, imaturos, necessitados da chibata da lei e ansiosos por confiar na suficiência das próprias obras e não no amor como fonte de redenção. A miserável condição do grupo de Jesus nos evangelhos é já o paradigma dessa tremenda dificuldade, para que não percamos a esperança nem desistamos de nós ;
  4. É por isso que Anglicanismo é sempre convivência em tensão, sentimento incômodo de provisório, de vez em quando quase à beira da quebra e do esfacelar-se em pedaços… nenhuma novidade para quem foi instruído na difícil vereda, no caminho estreito da luta entre carne e Espírito (cf. Gl 5), entre o maravilhoso sabor da graça e o travo do pecado, em suma, é a dilaceradora experiência descrita pelo Apóstolo em Romanos capítulo 7: o bem me atrai, mas o pecado domina meus “membros” (meu dia a dia), “oh, infeliz ser humano que sou! Quem me libertará deste “corpo” (condição concreta) que me mata?” Só a graça de Jesus Cristo e essa só se experimenta no amor, isto é, na vida em comunidade. Eis o desafio que temos sempre pela frente e que exige constante vigilância e renovação. A tradição fala disso sob a categoria da “mortificação”, viver a morte diária do próprio eu. É o que diz Jesus: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida, a perderá, mas o que perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (Mc 8, 34-35). Não nos esqueçamos de que um dos mais gloriosos títulos do Anglicanismo é “Ecclesia Anglicana, mater Sanctorum” – “Igreja Anglicana, geradora de santos e santas”. Tenhamos bem claro em mente que, sem busca de santidade, o que equivale a sem experiência de Deus, o Anglicanismo nunca passará de ridícula e desprezível caricatura de si mesmo…
    Obs: Imagem enviada pelo autor.
    Bispo Emérito da Diocese Anglicana do Recife
    Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB…..
    Imagem  enviada pelo autor.
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