Djanira Silva 15 de julho de 2016

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Quando criança ensinaram-me a temer alguns animais pelos perigos que poderiam oferecer. O cão, amigo do homem, não escapava das advertências, pode, a qualquer momento, ficar doido e com cachorro doido não se brinca. Falaram-me dos agressivos como os bois e cavalos selvagens, dos venenosos, cobras, escorpiões e tudo quanto era bicho perigoso. Até os gatos apresentavam um certo perigo por causa da asma e das fezes que transmitem doenças.

Quem tanto ensinou,pouco sabia sobre os disfarces do ser humano, este ser criado à imagem e semelhança de Deus, que deveria ser amado e respeitado conforme nos ensina o mandamento – amar ao próximo como a ti mesmo.

Não posso acreditar que o homem seja um ser racional. Dotado de uma imensa capacidade de fazer o mal, não só aos outros como também a si mesmo, se apresenta sob vários disfarces de acordo com suas conveniências. Quando irritado não perde muito para um cão raivoso, um boi brabo ou uma cobra venenosa. Quando se indispõe com alguém facilmente destila sua peçonha. Nosso maior desafio é convivermos uns com os outros.

Passamos a vida inteira tentando explicar nossos destinos e decifrar os mistérios dos outros. Não existem regras nem manuais que nos ensinem a fazê-lo. Cada rosto é um enigma, uma esfinge que, tal e qual os monstros de antigamente serviam como guardas de santuários e túmulos. Assim, as pessoas que se escondem no silêncio, lembram figuras mitológicas cujos corpos, providos de asas e garras, nos advertem de que estão prontas para atacar quem por acaso tente decifrá-las. No seu mutismo enigmático parecem murmurar: “Decifra-me ou devoro-te”. Às vezes somos absorvidos e devorados por estes perigosos silêncios.

Cada criatura é um mistério para si mesma.

Não tenho culpa de ser gente. De bom grado, dispensaria a racionalidade que não me serve de nada.

Obs: Texto do livro da autora – Doido é quem tem Juízo

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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