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Como nasci em março de 1948, as primeiras lembranças que tenho sobre os presidentes do nosso país são da morte do Getúlio, pois minha avó chorou muito e eu não entendia por que, já que ele nem era uma pessoa do círculo de conhecidos da nossa família. O mesmo se dera dois anos antes, com o acidente que vitimou o cantor Francisco Alves, mas, sua música “Criança Feliz” é uma das mais antigas lembranças musicais que tenho.
Depois, como não podia deixar de ser, vêm as lembranças do presidente bossa nova, aquele que construiu uma cidade futurista no coração do Brasil. O sorriso largo do Juscelino é uma das maiores lembranças que tenho dele. Depois da fundação de Brasília, em 1960, comemorada no Brasil inteiro, veio uma verdadeira confusão para a minha cabeça de adolescente.

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Lembro das disputas de Adhemar de Barros, com sua “caixinha” e Jânio Quadros, com sua “vassoura”, que pularam do governo de São Paulo para a presidência do país, com vitória deste último e de Jango, que manobrou os eleitores para elegerem-no vice-presidente do Jânio (naquela época os vices eram eleitos independentes dos presidentes). A confusão só aumentou com a renúncia do presidente, que havia proibido a apresentação de mulheres de maiô na televisão e queria abolir o uso da gravata; ele mesmo , tentando lançar a “moda safári”, ao invés de governar de verdade, o que não conseguiu devido a não contar com a maioria no Congresso. Sua renúncia e a posse conturbada de seu vice, João Goulart, demonizado como comunista, abriram as portas para o golpe iminente que nos trouxe a ditadura militar. Esse foi um período negro para o Brasil e para os jovens que, como eu, estavam em período de formação e foram privados de informação.
Mas, lembro bem do período do Geisel, com sua aparência mais de avô do que de general. Durante seu governo foi iniciada uma abertura política e amenização do rigor do regime militar, continuados pelo General Figueiredo, aquele que gostava mais de cavalos que de gente… Durante seu governo, marcado pela inflação e endividamento do país, houve também a concessão de uma anistia ampla, geral e irrestrita aos políticos cassados , com base em atos institucionais.
A abertura política abriu caminho para a eleição de Tancredo Neves, morto antes da posse , e seus sucessores: Sarney, Collor, Itamar, FHC e, finalmente, Lula. Este é o primeiro presidente semi-analfabeto e que se orgulha disso, como nunca antes havia acontecido em nossa história.

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Esse 35º presidente se orgulha tanto de suas conquistas que, para eternizar-se no poder, resolveu criar um clone para substituí-lo até 2014, quando retomará a faixa presidencial carregado nos braços do povo que o idolatra. Como a ciência ainda não conseguiu criar um clone perfeito, o do atual presidente usa saia (apenas para satisfazer o protocolo, pois gostaria mesmo é de umas bombachas) e, embora afirme ter um curso universitário completo, é ainda mais despreparada que seu criador, não conseguindo completar uma frase coerentemente. Pelo menos esse mérito o seu criador tem, já que é excelente orador, possuidor de um carisma indiscutível. Ela se parece mais com um cruzamento de abóbora com chuchu, sem um pingo de charme, nem de simpatia, coisa que ele esbanja à vontade. Como passado político, pode-se afirmar que ela participou de grupos guerrilheiros, com atuação em roubos de armas, assaltos, assassinatos. Depois da anistia dada pelo governo, ocupou a Secretaria da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre e Secretaria Estadual de Energia, Minas e Comunicações, antes de coordenar a equipe de Infra-Estrutura do Governo de Transição para o primeiro mandato de Lula. Foi Ministra das Minas e Energia e da Casa Civil até o lançamento de sua candidatura à Presidência da República. O sucesso de sua campanha se deve mais à quase idolatria que o povão sente pelo atual presidente do que aos méritos dela. Na verdade, o povo está querendo reeleger o próprio Lula e não essa desconhecida que surgiu do nada e não disse coisa nenhuma em todas as suas aparições.
O Presidente Lula tem alguns méritos e isso é indiscutível. Embora se orgulhe de suas deficiências escolares, é um líder nato e sabe manobrar o poder como ninguém. Deu sequência às políticas e atos implantados por seu antecessor e acabou por colher, sozinho, os louros das vitórias obtidas. Cercou-se de pessoas competentes, embora tenha distribuído cargos, a torto e a direito, entre seus correligionários, tornando o governo um imenso e infinito cabide de empregos. E assim , seguiu governando, distribuindo “bolsas” disto e daquilo, para os mais necessitados (nem sempre) e garantindo, assim, a generosa gratidão dos beneficiados (e desinformados). É, em sua simpatia, reconhecido como “o presidente dos pobres”, embora ele mesmo e todos os seus apaniguados estejam nadando em dinheiro, conforto e tudo o que acham que têm direito.
Recentemente, quase elegemos , já no primeiro turno de votações, seu sucessor , indicado por ele, para os próximos quatro anos. Mas, o segundo colocado nas votações, levou para o segundo turno as eleições para presidente. Ganhamos com isso, mais 28 dias onde a esperança de conseguirmos reverter o quadro político atual, que mostra, ainda, situações de gritantes diferenças sociais, trocando o supremo mandatário que mantém alianças com outros líderes políticos internacionais (Hugo Chávez e Ahmadinejad entre outros), por outro que, sem a simpatia e o carisma de Lula, tem uma história política com excelentes trabalhos prestados durante sua carreira. Com nossa baixa formação política e graves deficiências educacionais temos, no segundo turno, a chance de detalhar melhor as idéias, expor fragilidades (e fortalezas) e aumentar o confronto entre situação e oposição – coisa que não vimos nos debates do primeiro turno. Ganhamos nós, eleitores, com uma transparência maior para decidirmos com bases mais sólidas e também ganha o eleito, que chega, enfim, ao poder, com a legitimidade dos votos recebidos.

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Não é elegendo um Tiririca (deputado federal mais votado!), que mostraremos nossa insatisfação! Atrás do candidato, vêm outros que não se elegeriam sem os votos arrebanhados por este. Dentro da lei da proporcionalidade, os votos arrebanhados pelo candidato do PR ajudaram a eleger gente como Agnaldo Timóteo e Juca Chaves (cantores com a carreira em baixa), Valdemar Costa Neto (um dos mensaleiros), Luciana Costa (outra desconhecida que assumiu a vaga deixada por Enéas Carneiro) entre outros. Tenho certeza que quem votou em Tiririca não sabia disso! E essa falta de conhecimento mostra claramente que as leis eleitorais precisam de mudanças já! Assim como nossa capacidade de eleger aqueles que direcionarão nossos destinos! (out/2010)

Obs: Imagens enviadas pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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