foto Aurelio Molina entrelaços

A economia brasileira está cada vez mais dependente da exportação de commodities, isto é, de matérias primas com pouco ou nenhum valor agregado (componente importantíssimo de nossa crise). Para reverter essa situação e ter um desenvolvimento sustentável no contexto de uma economia baseada no conhecimento, na tecnologia e na inovação, é fundamental a formação de recursos humanos altamente qualificados, criativos e com autonomia intelectual. Nesta nova economia a qualidade dos trabalhadores significa, entre muitas coisas, produtividade, competitividade e criação de novos e melhores produtos. No século XXI, a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) não pode ser o único “caminho” para se formar, qualitativa e quantitativamente, a “massa crítica” necessária para a consolidação do nosso projeto de nação soberana, justa, fraterna, livre e feliz. A despeito do sucesso do programa brasileiro de pós-graduação, coordenado pela CAPES, é imperativo, para se conseguir a escala necessária a essa formação, sair do universo acadêmico. Além disso, tanto no ensino superior (até mesmo em muitas pós-graduações) quanto na educação básica, não podemos continuar a ter alunos do século XXI, com professores do século XX, uma prática didática e uma política pedagógica do século XIX e um sistema organizacional do século XVIII, onde continuamos a educar para a submissão intelectual através de “arquivamento” acrítico de informações. Infelizmente, boa parte de nosso sistema educacional ainda é, apenas, um instrumento de propagação de teorias e informações. É um “informador” e não um “formador”, algo como “escolas analógicas” para “alunos digitais”. Nosso futuro, como país, não resiste a tamanho paradoxo. Necessário se faz ir ao encontro da sociedade com estratégias mais criativas e eficientes. Precisamos urgentemente realizar a inclusão científica através da democratização e popularização do espírito científico e dos principais pilares epistemológicos que norteiam a formação de um pesquisador/cientista/empreendedor com consciência cidadã e responsabilidade social, estimulando atitudes proativas à inovação, à produção do conhecimento e ao empreendedorismo do povo brasileiro. Temos que aumentar a autoestima de nossa população (particularmente entre os jovens mais carentes e desfavorecidos), valorizando seu potencial criativo e inovador, instigando o gosto pelo “novo” e pelo aprendizado contínuo. O conceito de inovação, isto é, fazer bem, diferente e melhor (do ponto de vista do maior benefício com o menor custo possível) tem que se tornar paradigmático e o empoderamento da autonomia intelectual, isto é, “olhar o mundo com seus próprios olhos, pensar com a própria cabeça, caminhar com os próprios pés e construir com as próprias mãos” tem que se tornar hegemônico. A ciência e a inovação tem que estar no dia a dia das pessoas e da comunidade como um todo (“Ciência do Cotidiano”), utilizando tecnologias de baixa complexidade e de baixo custo. Construir este novo tempo é tarefa de todos e  “para ontem”!
(Publicado em 20-11-2015, no jornal Diário de Pernambuco, Seção Opinião, página a9)

Obs: O autor, Prof. Dr. Aurélio Molina, Ph.D pela University of Leeds (Inglaterra) é membro das Academias Pernambucanas de Ciência e de Medicina.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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