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No aeroporto de Frankfurt, no dia em que lá embarquei para Lisboa, havia dois piratas, solenes e rigorosamente  vestidos, cópia perfeita desses que protagonizam a série de filmes intitulada de Piratas do Caribe. Só para exemplificar. Encarnado e esculpido, para não dizer cagado e cuspido. Tão autêntico que faltava apenas um oceano a sua frente, e, em lugar de um aeroporto, encontrar-se num porto, marítimo ou fluvial. Os piratas estavam lá. Não juntos, emparelhados, como uma dupla que a história parisse e o cinema adotasse. Primeiro, vi um. Depois, o outro. Não sei se a vestimenta, ou fantasia, fedia. Se o pirata tinha algum dente pobre. Uma coisa acredito, juro e dou fé: não poderiam estar armados, dado a cautela com que os aeroportos europeus se revestem, com receio de ataques terroristas.

Quiçá os ares da Alemanha favoreçam o surgimento de fantasmas do passado, inclusive de piratas com roupas que não guardem similitude com a história de seus antigos habitantes/guerreiros. Quiçá. O certo é que, em Munique, por exemplo, é frequente nas ruas do centro histórico a presença de homens baixos, barriga acentuada, ou altos, barriga normal, com calça curta, acentuadamente de couro, camisa branca, de manga comprida, sustentada por suspensório, chapéu verde na cabeça. Podem ser componentes de algum quarteto ou quinteto musical que se apresenta em praças ou em restaurantes, na manutenção de velha tradição. O certo é que, mais horas, menos hora, depara-se com um alemão assim trajado.

Foi em Munique, também, almoçando, na frente de um restaurante, protegido por um toldo, tão comum na Europa, tendo o oitão de uma igreja na frente, que vi uma carruagem antiga, os dois cavalos quietos, um ao lado do outro, o seu condutor todo a rigor, na melhor tradição alemã, a espera de algum turista que topasse dar uma volta por locais bafejados pelos ventos da história. Aqui, entre nós, se, de um lado, temos alguns trajes típicos, nos falta ânimo para ir a rua fantasiados de vaqueiro. A indumentária da baiana vendedora de acarajé é limitada ao seu mister. Talvez, algum marqueteiro invente um modelo especial para o corrupto. Duvido que algum deles, mesmo condenado pelo Judiciário, com transito em julgado, vá assim a rua.

Obs: Publicado no Correio de Sergipe
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Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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